Por Marlon Botão, ex-secretário de Cultura de São Luís e militante político há mais de 40 anos
Aprendi muitas coisas durante os oito anos em que tive o privilégio de ser Secretário de Cultura de São Luís. Aprendi a ouvir melhor, a trabalhar com pessoas que não necessariamente pensavam igual a mim; aprendi que, apesar de não ter meios para realizar tudo o que pretendia, cada projeto que conseguíamos tirar do papel – por menor que fosse – tinha impacto real para a cidade e retorno para a população. Acima de tudo, aprendi que cultura, essa coisa meio abstrata da qual ouvimos tanto falar, é feita por gente. Por homens e mulheres, de todas as idades, que trabalham para levar às ruas as nossas manifestações – que não existem em nenhum outro lugar do Brasil.
É por isso que afirmo que o Carnaval, que se avizinha, é muito mais do que uma festa popular. Especialmente por aqui, o período momesco é um motor de desenvolvimento econômico e social, uma festividade que carrega a essência da nossa identidade, através dos blocos tradicionais e afro, do cortejo das tribos de índio, dos desfiles das escolas de samba, dos shows e de todas as demais manifestações que tornam o nosso Carnaval uma celebração singular.
E aos céticos, que talvez agora estejam revirando os olhos na certeza de que exagero a importância da nossa cultura e do nosso Carnaval, aí vai um dado importante: no Brasil, cada R$ 1 investido no setor cultural pode gerar um retorno de até R$ 6,51 na economia. Em São Luís, cidade privilegiada pela sua arquitetura, por suas praias e cultura popular inigualável, essa lógica se aplica de maneira ainda mais evidente.
Sob a liderança do governador Carlos Brandão, tivemos avanços importantes nos últimos anos, com o Carnaval de São Luís voltando a ter protagonismo no Estado, atraindo multidões nos quatro dias de folia, gerando milhares de empregos temporários e permanentes, movimentando pequenos negócios e fortalecendo a economia criativa. Artistas, costureiros, vendedores ambulantes, profissionais do turismo e muitos outros trabalhadores tiveram incremento em suas rendas.
Em 2024, o Carnaval injetou R$ 313 milhões na economia local, com investimentos governamentais de R$ 47 milhões. A ocupação hoteleira superou os 80% e setores como alimentação, transporte e comércio foram amplamente beneficiados. A projeção para 2025 indica que o evento pode atrair até 4 milhões de foliões.
Mas, como bom otimista, sei que podemos alcançar números ainda mais expressivos.
Com os investimentos certos e políticas públicas direcionadas, São Luís tem potencial para voltar a ser um dos principais destinos turísticos do Brasil no Carnaval e também no São João, superando Salvador, que conseguiu projeção nacional mesmo com uma variedade cultural menor que a nossa.
A cultura de São Luís e do Maranhão é apaixonante, nós só precisamos garantir que o resto do Brasil a conheça. Para isso, antes de tudo, temos que valorizar e dar condições dignas de trabalho aos artistas e fazedores de cultura locais durante o ano inteiro, criando um ambiente cultural robusto, próprio, atraente. Com isso, vamos atrair empreendimentos, gerar empregos e fortalecer a nossa economia.
A cultura é um ativo econômico poderoso e será, cada vez mais, fundamental para ajudar na construção da São Luís que queremos para o futuro. Uma cidade que respira cultura, em que existe equilíbrio social, uma cidade em que todos os trabalhadores têm oportunidades iguais e condições de garantir o sustento de suas famílias.
Eu acredito que isso é possível. E você?