Empresários relatam impactos severos da queda da ponte Juscelino Kubitschek, mas destacam esperança com ações emergenciais e suporte estratégico
Em continuidade à agenda de visitas técnicas ao município de Estreito, equipes do Sebrae e parceiros trabalharam nas escutas ativas com os empresários para conhecer melhor as necessidades locais. A cidade vive um momento crítico desde a queda da ponte Juscelino Kubitschek, que interrompeu o principal fluxo de transporte entre os estados do Maranhão e Tocantins, acarretando impactos econômicos, sociais e emocionais.
O encontro marcou também os 30 dias da ocorrência. De acordo com o prefeito Leo Cunha, nesse período, o comércio registrou uma queda estimada de 75% nas vendas.“É muito triste a situação. Na nossa cidade, já faz 30 dias que parece ser dia de domingo. Nós estamos vivendo um momento difícil. Somos hoje uma cidade final de linha dentro do Maranhão. Olhamos de um lado e vemos de outro. Temos outro estado, mas não temos como ir para lá e nem tem como vir para cá”, lamenta o gestor.
Relatos dos empresários dão uma dimensão da situação do município. Para Fernanda Wendler, proprietária da Xirú-Ar, empresa que atua nos segmentos de acessórios, estofados e restaurantes, os impactos econômicos têm sido devastadores. “Nosso movimento caiu de 80% a 85% com relação a um mês normal. Há dias em que temos apenas um ou dois caminhões para atendimento, quando antes esse número era muito maior. Apesar de ainda não termos demitido ninguém, tivemos que antecipar férias para 21 funcionários para manter a equipe. Estamos há 25 anos no mercado e buscamos alternativas, entre elas, a abertura de uma filial em Araguaína, para continuar operando”, desabafou.
A empresária Avanalba Almeida da Paz, da Casa da Borracha, passa pela mesma situação. “Tenho a loja há 15 anos, mas o movimento parou. A maior parte dos meus clientes vêm do Tocantins e, com a dificuldade de travessia, muitos desistiram de vir. Um cliente, por exemplo, levou oito horas para atravessar com uma máquina para conserto. Com 30 funcionários, estou segurando ao máximo para evitar demissões, e essa mobilização me deu esperança ao apresentar possíveis direções para minimizar os impactos”, destacou.
Primeiras definições para ação – A coordenadora da Sala do Empreendedor, Rejane Cunha, reforçou o papel estratégico dessa parceria sinalizada pelo Sebrae e as instituições. “Desde a queda da ponte, transformamos a Sala do Empreendedor em um comitê de crise. Hoje, o Sebrae e seus parceiros vieram ao nosso município para ver a situação de perto e nos ajudar a planejar ações que possam minimizar os impactos para os empresários e a população. Somos gratos por esse apoio em um momento tão difícil”, reforça a coordenadora.
Bernardo Maciel, vice-presidente da Associação Comercial de Estreito, celebrou o engajamento das instituições. “Fiquei muito feliz com a reunião. O Sebrae está trazendo um cronograma de ações como feiras de negócios, a vinda de eventos para cá, para mobilizar o comércio local. Essas iniciativas trazem motivação e oportunidades para a região, que está precisando disso após os impactos que sofremos”, frisa Maciel.
Já Danilo Borges, integrante da equipe técnica do Sebrae Maranhão, destaca o compromisso da Instituição e dos parceiros em oferecer suporte contínuo neste neste desafio. “Visitamos os pontos mais afetados, como a travessia improvisada de balsa, ouvimos os empreendedores para entender suas necessidades e identificar oportunidades e também planejar a nossa atuação. Nossa missão é apoiar e ampliar a atuação do Sebrae em Estreito e região, contribuindo para superação deste momento desafiador”, reafirmou.
A missão – Desde o dia 22 de dezembro de 2024 quando ocorreu o desabamento da ponte, o corpo técnico do Sebrae trabalha em uma estratégia para ajuda emergencial. Várias áreas foram sendo envolvidas para estudar a situação. Os primeiros passos estão sendo tomados e já foram definidas algumas ações. Com a implementação do plano emergencial, que inclui ações como consultorias, feiras de negócios e capacitações para os próximos meses. Dessa forma, o Sebrae Maranhão busca estimular novos mercados e promover a retomada gradual da economia local.
A agenda de visitas técnicas se encerra hoje, nos municípios de Riachão e Carolina, onde serão ouvidos empresários e parceiros da cadeia turística, visando colher elementos para o plano de ação que será implementado na região.