Conheça a atuação dos mergulhadores da Marinha no resgate às vítimas do desabamento de ponte

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Atividade é considerada de alto risco e demanda equipamentos, como a câmara hiperbárica para garantir a saúde dos mergulhadores em operações

Os mergulhadores da Marinha do Brasil (MB) são empregados em operações sensíveis, como a busca pelas vítimas do desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que liga as cidades de Estreito, no Maranhão, e Aguiarnópolis, no Tocantins, ocorrido em 22 de dezembro de 2024 (Fotos: MN Queiroz)

Devido à sua complexidade, atividades de mergulho demandam pessoal altamente capacitado e uma estrutura de apoio com equipamentos adequados. Os mergulhadores da Marinha do Brasil (MB) são empregados em operações sensíveis, como a busca pelas vítimas do desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que liga as cidades de Estreito, no Maranhão, e Aguiarnópolis, no Tocantins, ocorrido em 22 de dezembro de 2024. Até o momento, 13 corpos de pessoas mortas na tragédia foram resgatados das águas.

Segundo o Chefe do Destacamento de mergulhadores, Capitão de Mar e Guerra Albino Manoel Borges Santos, o cenário encontrado pela equipe no Rio Tocantins impôs o uso de duas técnicas: o mergulho autônomo e o mergulho a ar dependente. Enquanto a primeira é utilizada para, inicialmente, identificar e marcar os pontos de interesse, a técnica do mergulho a ar dependente permite que, ao serem localizados os referidos pontos de interesse, a área seja explorada. Isso acontece porque essa modalidade possibilita que o mergulhador permaneça mais tempo em profundidade, potencializando as buscas.

“O mergulho a ar dependente conta com uma série de aparatos próprios, destinados a essa técnica. Por exemplo, a tradicional máscara é substituída por capacete. Com ele, o mergulhador consegue receber o ar que vem da superfície”, detalha o Capitão de Mar e Guerra Albino.

Capitão de Mar e Guerra Albino reafirma o alto nível de preparo dos mergulhadores da Marinha do Brasil, prontos para atuar em cenários, como o do desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira

Para o mergulho a ar dependente, é designado um mergulhador principal – também conhecido como “vermelho” – para fazer o trabalho. Além dele, há o chamado mergulhador “amarelo”, responsável pela segurança do principal, caso haja alguma intercorrência embaixo d’água, e, ainda, um terceiro mergulhador, o “verde”, que atua como reserva do resgatista. 

Para o Capitão de Mar e Guerra Albino, na operação no Rio Tocantins, em que as profundidades chegam a superar os 40 metros, as maiores dificuldades dizem respeito aos destroços, como cabos de aço, material de alvenaria, concreto e os próprios veículos encontrados. Para atuar em cenários de tamanha exigência, os mergulhadores da MB passam por um rigoroso treinamento durante sua formação no Centro de Instrução e Adestramento Almirante Átilla Monteiro Aché (CIAMA), no Rio de Janeiro (RJ).

Na atividade de mergulho, o espírito de companheirismo e equipe é preponderante (imagem: SG Carlos)
Câmara hiperbárica: equipamento vital à segurança dos mergulhadores 

A equipe de saúde especializada é parte da estrutura essencial às operações de mergulho, a fim de que qualquer evento adverso seja imediatamente tratado. Por ser uma área de atuação com muitas particularidades, na MB há tanto médicos quanto enfermeiros aptos a trabalhar com a câmara hiperbárica, um dos equipamentos fundamentais nesse contexto. 

“A câmara hiperbárica serve para fazer o tratamento dos mergulhadores acidentados. Ela é composta de uma antecâmara e uma câmara, e comporta até três militares. É possível entrarmos nela para atender a vítima”, afirma o Capitão de Corveta (Médico) Felipe Silva Rampazzo, também presente na missão de resgate às vítimas do desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, assim como mais um médico e dois enfermeiros hiperbáricos.

Na ação, o posicionamento da câmara em terra foi concebido para, em caso de necessidade, o mergulhador ser conduzido a ela em até 7 minutos, podendo ali permanecer de três a cinco horas, a depender do tratamento que vá ser administrado.

A equipe da MB para as operações em Estreito (MA), da qual participa o Capitão de Corveta Rampazzo, conta com dois médicos e dois enfermeiros, todos especializados em tratamentos hiperbáricos

“Nós usamos a câmara para proporcionar um ambiente mais próximo àquele da profundidade em que o mergulhador estava, de atmosfera maior do que a natural. Isso minimiza as lesões. Conseguimos administrar oxigênio para acelerar a saída de nitrogênio residual do organismo e, assim, evitar lesões mais graves”, detalha o Capitão de Corveta Rampazzo.

Um dos acidentes mais comuns em operações de mergulho é a chamada doença descompressiva, causada justamente pelo acúmulo de nitrogênio durante o tempo passado submerso – por isso, há a necessidade do fiel cumprimento das tabelas de descompressão. Essa doença pode afetar o sistema neurológico, bem como lesionar diversos tecidos do organismo. Quanto mais tempo o mergulhador passa em grandes profundidades, mais chances de acontecer uma doença descompressiva, e a câmara hiperbárica permite reduzir e estabilizar a presença de gases, oferecendo o tratamento adequado.

A câmara hiperbárica, que conta com câmara e antecâmara, precisa de uma equipe de médicos e enfermeiros especializados para operá-la e garantir a segurança das atividades de mergulho (Imagem: SG Carlos)
Prontidão da Marinha do Brasil

Desde o dia 22 de dezembro, equipes da MB atuam no local do desabamento da Ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira. A equipe de mergulho chegou já na segunda-feira (23). No decorrer dos dias, chegaram à cena mais militares e meios, como o helicóptero UH-15 (Super Cougar), embarcações e viaturas, entre outros.

 Nas ações de busca e resgate, além da Marinha, atuam outras entidades do Poder Público, como os Corpos de Bombeiros do Maranhão, do Tocantins, do Pará, do Distrito Federal e São Paulo, e empresas privadas.

Fonte: Agência Marinha de Notícias

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