Nas últimas semanas, a disputa eleitoral em São Félix de Balsas ganhou um contorno sombrio, onde o debate político foi substituído por ataques pessoais e deboches com nuances de misoginia contra a candidata à prefeitura, Drª Janaína Delazeri. Um dos episódios mais reveladores desse cenário ocorreu quando a candidata foi alvo de críticas e ironias acerca da legalidade de um contrato de namoro que apresentou, questão amplamente explorada pela oposição, por meio de blogs.
A candidatura de Janaína Delazeri, que tem grande apoio popular, se viu no epicentro de um ataque coordenado, em que sua vida pessoal e suas escolhas foram colocadas em xeque de forma a descredibilizá-la não por suas propostas ou competência, mas por uma suposta inapropriação de um documento jurídico perfeitamente legal: o contrato de namoro.
Contratos de namoro, conforme amplamente discutido na mídia e nos meios jurídicos, são instrumentos legais cada vez mais utilizados por casais que desejam definir as regras de suas relações afetivas, sem que isso implique em união estável. Esses contratos, reconhecidos pela justiça brasileira, têm se tornado populares, especialmente em contextos onde a segurança patrimonial e a clareza sobre o status da relação são primordiais. No entanto, o que deveria ser uma decisão privada e respeitada foi transformado em motivo de escárnio por parte de adversários políticos.
A misoginia, infelizmente, tem sido uma prática recorrente na política maranhense, muitas vezes disfarçada de “crítica” ou “deboche”. Quando uma mulher, ainda mais uma que busca ocupar cargos de poder, é alvo de ataques que têm como foco sua vida pessoal, estamos diante de um caso claro de preconceito de gênero. A situação de Drª Janaína Delazeri é um reflexo nítido de como a misoginia se adapta ao discurso político, buscando desestabilizar candidatas mulheres através de métodos que não seriam empregados contra homens na mesma situação.
A tentativa de deslegitimar Janaína Delazeri pela apresentação de um contrato de namoro não apenas expõe o machismo estrutural, mas também a ignorância ou a má-fé da oposição em relação à legalidade de tal documento. Este ataque é um desvio das questões relevantes para a população de São Félix de Balsas, que merecem debates focados em propostas e políticas públicas, e não em ataques pessoais que revelam o temor de ver uma mulher qualificada à frente da gestão municipal.
A Constituição Federal assegura a todos os cidadãos, independentemente de gênero, o direito à dignidade e à proteção de sua vida privada. Atacar uma mulher por suas escolhas pessoais é um ataque aos direitos constitucionais que garantem a igualdade e a não-discriminação. Portanto, a estratégia da oposição não é apenas antiética, mas também inconstitucional, ao tentar construir uma narrativa falaciosa que, no fundo, é um ataque à presença feminina no poder.
Este episódio deve servir como um alerta para a sociedade e para o eleitorado: a misoginia não pode ser tolerada, seja no âmbito pessoal ou político. São Félix de Balsas merece um debate de alto nível, onde as qualidades e propostas dos candidatos sejam o foco, e não a reprodução de preconceitos ultrapassados que tentam reduzir uma mulher a suas escolhas pessoais. Drª Janaína Delazeri tem o direito, garantido pela Constituição, de disputar essa eleição sem ser vítima de machismo velado e de ataques infundados.