O vereador Marlon Botão (PSB) apresentou indicação, na Câmara Municipal, solicitando ao governo do estado a criação de um Centro de Atendimento a pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nos bairros Cidade Operária, São Raimundo, Alemanha, Vila Luizão e área Itaqui-Bacanga.
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Na justificativa da indicação, o vereador argumenta que o objetivo “é possibilitar a criação de um espaço de aprendizagem, interação e desenvolvimento intelectual, fornecendo integração e socialização, prestando apoio aos familiares e capacitando profissionais que trabalham diretamente com atendimento a pessoas com autismo”.
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O texto diz ainda que “o centro de atendimento deverá dispor de instalações físicas distintas para cada faixa etária, além de equipamentos, recursos humanos, capacitação para o atendimento de crianças, adolescentes e adultos com autismo que requeiram cuidados de reabilitação, além de equipe multidisciplinar para atender de forma ampla às necessidades dessas pessoas, assistindo-as de forma disciplinar e humanizada”.
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Número crescente de diagnósticos
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Em entrevista, Marlon Botão afirmou que a indicação também foi motivada pelo crescente número de diagnósticos de transtorno do espectro autista em crianças e jovens das regiões mais carentes da capital.
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“Temos notado um crescimento acentuado no número de diagnósticos de espectro autista em jovens e crianças nos bairros de São Luís, e em especial nas comunidades mais carentes da cidade, onde o nosso mandato está mais presente, o que torna o tratamento dessas crianças ainda mais desafiador, dado o contexto de desigualdade social em que vivem as famílias desses bairros”, disse.
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“Com isso nós temos mais um problema social. Porque, sem um centro de referência dentro dos bairros, como é que esses pais – que já sustentam suas casas com tanta dificuldade – vão poder garantir o tratamento adequado para os seus filhos? Nós temos uma quantidade cada vez maior de crianças e jovens diagnosticados com o espectro e que precisam de um tratamento específico e diverso, com especialistas multidisciplinares, para que possam ter uma vida plena, independente, como é direito de todo cidadão brasileiro. Garantir esse tratamento adequado e gratuito dentro dos bairros é um desafio para a nossa rede de saúde, mas que, com união, pode ser concretizado”.
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Vivência
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Marlon Botão afirmou que a sua vivência pessoal também foi importante para a iniciativa.
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“O nosso trabalho já estava em andamento quando o meu filho, Marlon Neto, foi diagnosticado como portador do espectro autista. E, a partir dessa vivência pessoal, eu pude compreender ainda mais a importância de termos políticas públicas continuadas para as pessoas que vivem com o espectro autista. Pude ver na prática como um tratamento qualificado, multidisciplinar e continuado é importante. E a nossa luta é para que esse tratamento, que não é barato, seja disponibilizado de forma gratuita às famílias carentes, que já são tão afetadas pela desigualdade social”, disse.
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“Essa luta para trazer mais dignidade às pessoas portadoras do espectro autista não é só pelo meu filho, porque, graças a Deus, ainda que com dificuldade, eu tenho condições de garantir o tratamento dele. Mas a gente sabe que, infelizmente, essa não é a realidade da maioria das famílias da nossa cidade, especialmente em bairros da Zona Rural e da área Itaqui-Bacanga. Então, essa nossa luta é por cada uma dessas famílias, por cada pai e mãe de São Luís que hoje não tem conseguido garantir o tratamento que os seus filhos precisam para se desenvolver com saúde e segurança”.
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Articulação parlamentar
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Marlon Botão informou que, além da indicação endereçada ao governo, também vai procurar a prefeitura de São Luís e os parlamentares do estado para garantir a criação dos centros de referência nos bairros carentes da capital.
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“Tenho muita convicção de que, especialmente em se tratando de políticas públicas voltadas para a saúde e o bem-estar da população, nós temos que fazer todo o esforço necessário para construir uma unidade, deixando de lado qualquer divergência político-partidária para garantir que as pessoas tenham seus direitos preservados”, disse.
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“É por isso que, para a criação dos Centros de Atendimento a pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) nos bairros de São Luís, eu vou procurar todos os nossos deputados estaduais e federais, os nossos senadores, o nosso prefeito, o nosso governador e quem mais for necessário, até mesmo tentando viabilizar recursos do Orçamento da União, para que possamos entregar essa obra tão importante e necessária para o desenvolvimento de milhares de jovens e crianças ludovicenses, especialmente os das camadas mais carentes da capital, que não têm condições de arcar com o tratamento particular”.
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Censo
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Outra medida anunciada pelo vereador é a criação de um censo para identificar a quantidade de pessoas com o espectro autista em São Luís.
“O Censo é importante porque é a partir dele que vamos saber precisamente quantas pessoas – jovens, crianças e adultos – convivem com o espectro autista em São Luís, o que é fundamental para a implementação de políticas públicas voltadas para essas pessoas. Com o Censo, nós vamos saber quais os bairros têm mais urgência em receber um centro de referência, garantindo que essas pessoas tenham acesso ao tratamento de que precisam para se desenvolver de forma saudável”, explicou.
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“Inicialmente, o nosso trabalho tem focado a Zona Rural e a área Itaqui-Bacanga, duas regiões em que o nosso mandato sempre esteve muito presente, inclusive em outras lutas, mas, com o Censo, nós vamos poder expandir essas políticas públicas para todos os bairros que precisem. Esse é o meu objetivo. Mas, para que se torne realidade, deve ser um objetivo de todos nós, de todos os poderes instituídos, das comunidades; juntos, nós podemos fazer uma grande mobilização para que, nos próximos anos, São Luís seja uma capital referência no tratamento a pessoas com o espectro autista”, finalizou Marlon Botão.