O ato de um pequeno grupo de estudantes que bloqueou o acesso a UFMA no início da manhã desta quinta-feira, além de causar um transtorno ao trânsito e impedir o direito de ir e vir de centenas de pessoas, deixou claro que não há limites para quem cobiça o poder e não consegue alcançá-lo pela via democrática. As digitais de tal façanha estão documentadas em prints e áudios de conversas que circulam em grupos de whatsapp as quais o blog teve acesso e não deixam dúvidas sobre o mentor intelectual do protesto.
Ao tentar criar tumulto para atingir a gestão e dificultar a nomeação do reitor eleito, Fernando Carvalho, apoiado por Natalino Salgado, o candidato que ficou em segundo lugar na eleição repete o método utilizado na última disputa pela reitoria da UFMA, em 2019. Naquele ano, também, o segundo nome da lista, se dedicou a montar dossiês para melar a nomeação de Salgado, acusando-o de ser ligado ao PT por conta de sua proximidade com Fernando Hadad, atual Ministro da Fazenda, adversário de Bolsonaro na corrida presidencial de 2018.
Observadores atentos da cena universitária são categóricos em afirmar que a manobra fracassada há quatro anos tem tudo para se repetir agora. Com o fim do mandato do atual reitor, em novembro próximo, tudo indica que Fernando Carvalho deve assumir o cargo para o quadriênio 2023-2027. Ele venceu a consulta prévia e foi homologado em primeiro lugar na lista tríplice votada pelo Colégio Eleitoral Especial da UFMA por uma larga vantagem. A sua nomeação pelo presidente Lula é dada como favas contadas.
Indiferente a vontade da maioria da comunidade universitária, o representante do grupo derrotado no processo sucessório, incentiva meia dúzia de estudantes a radicalizar e atuar como cúmplices de um movimento golpista, sob o pretexto de denunciar uma hipotética situação precária na instituição. Estranhamente, nenhuma pauta reivindicatória teria sido apresentada à gestão da UFMA pelos estudantes, conforme divulgado em nota oficial pela instituição.
De modo sorrateiro, o artífice do golpe não se incomoda de solapar a democracia com a narrativa falsa de que seria o legítimo vencedor da disputa. Não foi. Sofreu expressiva derrota e agora, como mau perdedor, tenta criar um ambiente de caos que ilustra sua desmedida ambição pelo poder. Pouco importa se, para atingir o seu objetivo, usa os estudantes como massa de manobra, incentivando atitudes radicais.