Um antigo drama que aflige a população de São Luís que depende da saúde pública parece não ter fim. Apesar da descentralização do atendimento, um contingente expressivo de pessoas continua passando a noite na Central de Marcação de Consultas (Cemarc) da capital, serviço administrado pela prefeitura. O blog obteve relatos e imagens de pessoas que se submetem ao perigo e a todo tipo de desconforto, além do risco de agravar suas doenças, na tentativa de conseguir uma vaga para se consultar, em diferentes especialidades médicas.
A humilhação é a mesma de sempre, um ato de desumanidade que já se tornou histórico na cidade. Homens e mulheres, dentre os quais vários idosos, chegam ao prédio da Cemarc, na Avenida dos Franceses, bairro Alemanha, ainda no início da noite dispostos a passar horas seguidas ao relento, na esperança de conseguir uma senha para marcar a tão esperada consulta. Mesmo previsto na Constituição, o direito só é garantido à custa de muita degradação, isso quando não há alguma intercorrência, como oferta de vagas inferior à demanda ou falhas no sistema informatizado que controla o serviço.
No último dia 18, um comerciário que preferiu não se identificar se aventurou noite adentro na fila da unidade central da Cemarc, na Alemanha, mesmo tendo que trabalhar na manhã seguinte. Ao chegar ao local, por volta das 21h, o cidadão se surpreendeu ao se deparar com dezenas de pessoas já devidamen enfileiradas, muitas portando travesseiros, lençóis e até colchonetes. Os mais precavidos levavam consigo sombrinhas e guarda-chuvas, já que na capital maranhense o mês de maio costuma ser marcado por temporais.
Indignado com o ambiente caótico que encontrou, uma clara demonstração de descaso das autoridades com o sofrimento do povo mais humilde, o homem não se conteve. “Denuncie essa porcaria”, apelou ao blog. Na sequência, enviou fotografias e vídeos para comprovar o ultraje do qual ele e tantos outros vulneráveis foram vítimas.
As imagens falam por si. Lamentável, para dizer o mínimo.
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