O ministro da Justiça, Flávio Dino, até que tentou tripudiar de membros da oposição que o confrontaram com durante audiência na Comissão de Segurança Pública do Senado Federal, nesta terça-feira (9), mas foi emparedado em pelo menos dois momentos. Em um deles, o senador Magno Malta (PL-ES) indagou como Dino fará para apreender o arsenal em poder das organizações criminosas que aterrorizam o Brasil em meio às ações de desarmamento da população do país. Já o senador Marcos do Val (Podemos-ES) repudiou a atuação do ministro nos atos golpistas de 8 de janeiro e defendeu seu afastamento do cargo e prisão.
Autor do do convite a Flávio Dino, Magno Malta defendeu o acesso de colecionadores, atiradores desportivos e caçadores — conhecidos como CACs — às armas de fogo.
— O senhor disse que essas armas são desviadas. O indivíduo que se tornou CAC para cometer crime é marginal, é bandido. Quero saber é como Vossa Excelência vai fazer para desarmar as organizações criminosas. Desarmar o cidadão de bem, o senhor já disse como fazer. Agora quero saber como desarmar as organizações criminosas — questionou.
8 de janeiro
O senador Marcos do Val (Podemos-ES) criticou a atuação de Flávio Dino durante os atos golpistas do dia 8 de janeiro. As investigações sobre o caso resultaram na prisão de Anderson Torres, antecessor de Dino no Ministério da Justiça e, à época dos ataques, secretário de Segurança Pública do Distrito Federal.
— Um relatório da Abin [Agência Brasileira de Inteligência] ao qual tive acesso em momento algum cita a possibilidade uma manifestação pacífica. Pelo contrário: é super detalhista. Esse documento diariamente chegava para o GSI [Gabinete de Segurança Institucional] e para o Ministério da Justiça. Em todo momento era dito que teria depredação e tentativa de tomar o poder. Espero que o ministro Flávio Dino seja afastado e, se possível, até preso, como foi o Anderson Torres — disse Marcos do Val.
Dino rebateu, afirmando que o senador apresentou dados inverídicos.
— Já disse e vou dizer mais uma vez: não recebi relatório da Abin. Não adianta pegar trechos de entrevistas para pescar contradições inexistentes, a não ser na sua mente. Essas construções mentais que o senhor faz, muito singulares, não têm suporte nos fatos. […] Fui juiz e nunca fiz conluio com Ministério Público. Nunca tive sentença anulada. Por ter sido um juiz honesto, não admito que ninguém venha dizer que eu tenho que ser preso. Isso é desrespeito. Quem tem honra defende. É a contundência dos justos — respondeu Flavio Dino.
Mais informações sobre a audiência com Flávio Dino na Comissão de Segurança Pública do Senado estão disponíveis aqui.