Simplício Araújo repetiu a estratégia de atacar o atual governo, com efeito quase nulo por ter sido secretário por 7 anos, e Enilton Rodrigues pouco acrescentou
Se houve algum vencedor do debate entre seis dos nove candidatos a governador do Maranhão realizado na noite dessa terça-feira (27) pela TV Mirante, o protagonismo deve ser dividido entre Lahesio Bonfim, do PSC, e Edivaldo Holanda Júnior, do PSD. Ambos souberam dar os seus recados aos eleitores no debate de maior audiência e mais aguardado da campanha, enquanto os demais se preocuparam mais em atacar e/ou se defender, pouco contribuindo para o esclarecimento da população, faltando apenas quatro dias para a eleição.
Alvo de acusações em duas frentes, montadas por Weverton Rocha (PDT) e Simplício Araújo (SD), o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes neutralizou com rara competência os ataques, lançando mão de números que tornaram seus argumentos irrefutáveis, como as cifras que apresentou para desqualificar a versão de que é processado por desvio de R$ 44 milhões dos cofres do município que administrou. A resposta de Lahesio veio em tom de questionamento e foi categórica: como posso ter me apropriado de R$ 44 milhões se o orçamento da prefeitura era de apenas R$ 17 milhões?
No mais, o candidato do PSC apresentou propostas para a saúde e deu ênfase, em todas as suas participações, à atração de investimentos privados para geração de empregos como principal vetor de desenvolvimento do Maranhão.
Edivaldo Holanda Júnior abandonou de vez a sua postura serena e partiu para cima de Carlos Brandão, apontando a atuação pífia do governador na área de Infraestrutura, sobretudo no que se refere às estradas, grande parte esburacadas e com trafegabilidade prejudicada. O ex-prefeito de São Luís também mirou Weverton, trazendo novamente à tona o escândalo do Ginásio Costa Rodrigues, no qual o senador pedetista, então secretário de Esporte e Juventude do governo do falecido Jackson Lago, pagou R$ 5 milhões antecipadamente a uma empreiteira, que apenas demoliu o prédio, reconstruído pela gestão seguinte.
As obras que executou em seus dois mandatos de prefeito da capital, principalmente a pavimentação de mais de 5 mil ruas, em centenas de bairros, e as mais de 200 praças que construiu em oito anos, foram mencionadas por Edivaldo como forma de mostrar sua competência como gestor público. O ex-prefeito de São Luís também foi feliz ao afirmar, repetidamente, nos quatro blocos do debate, que de todos os candidatos é o mais capaz por ser o único a ter administrado uma cidade com mais de 1 milhão de habitantes.
Já Carlos Brandão manteve uma postura discreta do início ao fim do programa, como se seu maior desejo fosse permanecer invisível aos adversários e ao mediador. Confrontado por rivais com perguntas sobre os indicadores de miséria no Maranhão, que aumentaram nos últimos sete anos, sobre a poluição das praias da capital e sobre a presença de um sobrinho seu e secretário estadual na cena de um crime de assassinato envolvendo uma suposta quadrilha acusada de receber propina da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), o governador respondeu sem muita convicção, demonstrando nenhum talento para interpretar o que havia ensaiado exaustivamente com sua equipe de marqueteiros.
Maior perdedor?
Talvez o maior perdedor do debate tenha sido Weverton Rocha, que em meio às graves acusações que teve que responder, a principal delas referente ao caso Costa Rodrigues, acabou perdendo o foco propositivo e pecando ao não apresentar com a devida ênfase as propostas que diz ter para governar o Maranhão e colocar o estado no rumo do progresso. Visivelmente acuado após o petardo disparado por Edivaldo Holanda Júnior sobre sua passagem nebulosa pela Secretaria de Estado de Esportes e Juventude, o senador passou grande parte do tempo acuado e chegou a ordenar, ao vivo, à sua equipe de campanha, que postasse imediatamente, em suas redes sociais, uma notícia que, segundo ele, o inocentou de qualquer culpa pela demolição e posterior abandono das obras de revitalização do principal ginásio esportivo da capital.
A participação mais destacada de Simplício Araújo foi sua declaração de que havia “um defunto no meio do debate”, que gerou certa repercussão. De resto, o postulante do Solidariedade, apontado por Enilton Rodrigues, do PSOL, como candidato da iniciativa privada, pecha que negou prontamente, se limitou a reproduzir o seu discurso desenvolvimentista, sem a devida credibilidade, pois integrou por longos sete anos o governo Flávio Dino (PSB), ocupando o pomposo cargo de secretário de Estado de Indústria, Comércio e Energia.
Sobre Enilton Rodrigues, incluído no debate tão somente pelo critério que prevê a participação apenas de candidatos cujos partidos tenham representação no Congresso Nacional, não se viu contribuição relevantes. Com propostas muito mais voltadas ao aumento do Estado e ao assistencialismo, o engenheiro florestal se mostrou desconectado das qualidades esperadas de um governante.