Um documento chamado Provisão de Registro da Propriedade Marítima, expedido pelo Tribunal Marítimo, órgão vinculado à União, comprova que o ferry-boat José Humberto, trazido de Belém-PA a São Luís, esta semana, pelo Governo do Estado, para operar a travessia aquaviária entre os terminais da Ponta da Espera e do Cujupe, tem nada menos do que 35 anos de fabricação. Para dar à embarcação uma aparência de nova, a Agência Estadual de Mobilidade Urbana e Serviços Públicos (MOB) encomendou a pintura e reparos superficiais, algo semelhante a uma maquiagem, o que põe em dúvida a qualidade do ferry para prestar o serviço e desperta suspeita quando à segurança das viagens.
Construído no longínquo ano de 1987 pela empresa ESTAMAN – Estaleiros Manaus S/A, o ferry-boat José Humberto tem 60 metros de comprimento, 14 metros de boca e 2,2 metros de pontal. E apesar de ter sido fabricado em aço, tudo indica que não passava de sucata antes de ser apresentado aos maranhenses como solução para o colapso do transporte aquaviário entre a Ilha de São Luís e o continente.
Elementos não faltam para afirmar que a embarcação abandonada, reduzida a um monte de ferro velho, até ser descoberta por alguma mente brilhante do Governo do Maranhão. Um deles é o relato de fontes ligadas ao setor marítimo de que o ferry estava parado há bastante tempo antes da maquiagem que o fez parecer apto à travessia entre São Luís e Alcântara.
Outro fato que chama atenção e redobra a desconfiança de que o ferry-boat José Humberto tem sua eficiência comprometida na travessia entre os dois terminais maranhenses e pode representar risco à integridade de passageiros e tripulantes durante o percurso é que a embarcação navegou apenas em águas fluviais desde a sua construção. Como a navegação em água salgada envolve condições naturais diferentes, não há como garantir que as viagens transcorrerão sempre dentro da normalidade.
Responsabilidade é do governo, não da Servi-Porto
Como se a contratação do ferry fizesse parte de uma trama armada para ludibriar a opinião pública, inclusive com motivação eleitoreira, foi logo propagada a informação de que a Servi-Porto, maior e mais antiga empresa do ramo de transporte aquaviário do estado, que está sob intervenção do governo há dois anos, sem qualquer autonomia para realizar tal ato ou tomar qualquer outra medida de cunho administrativo. Somente o interventor, nomeado com o aval do Palácio dos Leões, tem esse poder decisório.
Está cada vez mais claro que o governo maranhense, ao viabilizar a “nova” embarcação, esteja forjando as condições para atender a licitação repleta de vícios, marcada por polêmicas e ainda longe de um desfecho.
Abaixo, o documento do Tribunal Marítimo que revela o ano de fabricação do ferry-boat José Humberto:
[…] travessia que interliga os terminais da Ponta da Espera, em São Luís, e do Cujupe, em Alcântara. Construída há 35 anos por um estaleiro do Amazonas, a embarcação foi maquiada para parecer nova e segura, mas suas […]
[…] que interliga os terminais da Ponta da Espera, em São Luís, e do Cujupe, em Alcântara. Construída há 35 anos por um estaleiro do Amazonas, a embarcação foi maquiada para parecer nova e segura, mas suas […]