O prefeito de São Luís, Eduardo Braide (Podemos), conseguiu a proeza de prejudicar todas as partes ao conceder um reajuste de tarifas de ônibus. Em vez de reequilibrar o sistema, o aumento da passagem foi recebido como um pacote de maldades por usuários, trabalhadores e empresários do transporte público da capital.
Os três segmentos que fomentam o sistema foram.impactados negativamente pela decisão de Braide de reajustar de R$ 3,20 para R$ 3,40 o preço da passagem das linhas não integradas e de R$ 3,70 para R$ 3,90 a tarifa das linhas integradas.
No caso dos cerca de 700 mil usuários do serviço em São Luís, estes serão penalizados com a cobrança de um preço maior pelas viagens. O aumento, mesmo de R$ 0,20 (vinte centavos), fará diferença significativa no orçamento das famílias. Isso porque a imensa maioria das pessoas que utilizam ônibus para se locomover na cidade pertence às camadas com menor poder aquisitivo da população.
Ameaça de greve persiste
Em relação aos trabalhadores – motoristas, cobradores e fiscais -, o dano também será grave, já que o percentual de reajuste aplicado é considerado insuficiente para que os patrões concedam reajuste salarial e outros benefícios reivindicados pela categoria. Portanto, em vez de resolver o impasse de longas datas que marca a relação trabalhista entre empregadores e empregados do setor, o conflito tende a se agravar e evoluir para mais radicalizações, cujo desfecho poderá ser uma nova greve
Quanto aos empresários, a avaliação é de que as perdas estão longe de ser sanadas, mesmo com o realinhamento tarifário, considerado irrisório, pois nem de longe compensa as perdas inflacionárias, geradas pelos sucessivos aumentos de preços do óleo diesel, pneus e diversos outros insumos incluídos na planilha de custos das concessionárias das linhas.
Para piorar, ao autorizar o reajuste da passagem, o prefeito retirou o subsídio mensal de R$ 2,5 milhões que vinha sendo repassado às empresas. O montante é essencial para manter o sistema operando sem risco de colapso financeiro. A alegação para a suspensão do auxílio foi justamente a reposição tarifária. Acontece que a receita a ser obtida com o acréscimo de R$ 0,20 na passagem, que agora será paga pela população, não supera R$ 1,3 milhão por mês. E óbvio que a conta não fecha.
Vale alertar que o transporte de passageiros, além de ser uma concessão pública, é uma atividade económica, e, como tal, precisa preservar sua viabilidade financeiro para que o serviço seja prestado com qualidade e remunerar a contento os trabalhadores do sistema, além de gerar lucro para os seus investidores.
Eduardo Braide parece ter ignorado esse princípio básico, jogando ainda mais lenha em uma fogueira que arde sem cessar.