Pandemia atrapalha tratamento do câncer de cabeça e pescoço

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Segundo especialista, muitos pacientes interromperam seus tratamentos e outros não procuraram especialistas para diagnosticar a doença precocemente

O cirurgião maranhense Stênio Roberto Santos alerta para a gravidade do problema

A pandemia de Covid-19 tem feito com que muitos pacientes interrompam seu tratamento contra o câncer de cabeça e pescoço ou procurem um especialista na área para o diagnóstico precoce. A afirmação é do cirurgião maranhense Stênio Roberto Santos, que chama a atenção para a gravidade do problema. 

“O câncer de cabeça e pescoço é uma doença preocupante e que afeta grande parcela da população brasileira. São 41 mil novos casos anualmente, segundo estimativas do Instituto Nacional de Câncer (Inca). O problema é que a pandemia atrapalhou o andamento de tratamentos que já haviam começado. Por outro lado, dificultou o acesso das pessoas aos consultórios dos especialistas nesse assunto, devido ao medo de contrair o novo coronavírus”, lamenta o médico. 

Em julho, mês de conscientização sobre a doença, por meio da campanha “Julho Verde”, a classe médica tem ressaltado a importância do diagnóstico precoce e de a população procurar orientação médica. Segundo Stênio Roberto Santos, mesmo aqueles que não chegaram a ser diagnosticados vivenciaram a interrupção dos cuidados de saúde, atualmente direcionados quase exclusivamente aos pacientes com Covid-19 e aos efeitos da pandemia. 

“Além disso, a situação atual pode aumentar o número de pacientes com câncer avançado e diminuir sua sobrevida em decorrência do estado de pandemia. Pelo fato de altas cargas virais de SARS-CoV-2 estarem localizadas principalmente no trato aerodigestivo superior e procedimentos nessa área levarem à aerossolização de partículas virais, eles não representam apenas um alto risco por espalhar o vírus durante a intervenção, mas também os pacientes têm um risco maior de apresentar doença grave se porventura forem infectados”, diz o médico. 

Ele afirma que o diagnóstico precoce e o rápido início do tratamento são fundamentais para a cura do câncer de cabeça e pescoço. Um dos principais problemas para o tratamento é o diagnóstico tardio, que ocorre em 60% dos casos, deixando sequelas no paciente. Segundo levantamento do Inca, o câncer de boca e laringe é o segundo mais frequente entre os homens, atrás somente do câncer de próstata. Nas mulheres, prepondera o câncer da tireoide, sendo o quinto mais comum entre elas. 

Stênio Santos alerta para questões como a infecção pelo papilomavírus (HPV), que tem contribuído, nos últimos anos, para o aumento da incidência dessa doença. “É um fator de desenvolvimento do câncer de faringe. Uma das formas de contágio é por meio da prática do sexo oral e em pessoas com múltiplos parceiros sexuais”. 

Outro alvo também atinge fumantes e pessoas que fazem uso frequente de bebidas alcoólicas. Porém, é cada vez mais frequente o diagnóstico da doença em indivíduos jovens (menores que 45 anos), sem a exposição a estes fatores, com tumores originados pelo HPV.Os tumores de cabeça e pescoço são uma denominação genérica do câncer que se localiza em regiões como boca, língua, palato mole e duro, gengivas, bochechas, amígdalas, faringe, laringe (onde é formada a voz), esôfago, tireoide e seios paranasais.

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