Vereadores de Caxias questionam recursos milionários para casa de saúde e pedem CPI

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Empresa da família Coutinho fora da municipalização da saúde é anomalia que deve ser revista

Do Blog do Sabá

Recursos milionários recebidos pela Casa de Saúde de Caxias não são fiscalizados pelo
Conselho Municipal de Saúde

Na sessão da última segunda-feira, dia 31, os vereadores caxienses trouxeram a tona um caso que ficou no esquecimento durante todo o primeiro mandato do prefeito Fábio Gentil: os milionários repasses destinados à próspera empresa da família Coutinho, que recebe recursos públicos vultosos para diversos procedimentos na área da saúde.

Nos discursos dos vereadores Cynthia Lucena e Tyago Vilanova, os valores recebidos pela empresa, na ordem de mais de R$ 1 mi todos os meses, deveriam ser investigados, pois a Casa de Saúde recebe essa quantia considerável de recursos públicos para a realização de exames de tomografia, ressonância magnética e até mesmo exames laboratoriais. “a coisa mais difícil que tem, é se conseguir uma ressonância magnética para se marcar”, protestou Cynthia Lucena. “No Macro Regional também, para você conseguir uma ressonância tem que ter alguém conhecido lá dentro para você marcar”, denunciou a parlamentar.

Iluminando o discurso de Cynthia Lucena, Tyago Vilanova lembrou que o contrato entre a Casa de Saúde e o governo do estado aconteceu logo após a derrota de Léo Coutinho. “…após a derrota do senhor ex-prefeito Léo Coutinho, esses repasses passaram, por volta do dia 10 de outubro, eles fizeram um documento e formularam esses repasses direto do estado para a Casa de Saúde, para que nossa Prefeitura não pudesse está investigando, e, nem interferindo no valor desse repasse”.

Diante das manifestações dos colegas governistas, o vereador Professor Chiquinho pediu a instalação de uma CPI para apurar os recursos públicos recebidos pela empresa Casa de Saúde. “Essa casa é responsável por fiscalizar dinheiro público. Se é dinheiro público, vamos fazer de forma legal, como a gente sempre busca a legalidade. Que a gente monte uma Comissão, é uma propositura minha. Se aceito pela maioria, a gente vai ver, mas a gente vai formar uma comissão para estudar esses documentos”, propôs Profº Chiquinho, vereador. 

Embora a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito da Câmara Municipal para apurar a destinação dos recursos públicos destinados à empresa da família Coutinho tenha uma previsão legal, o foco dos parlamentares deveria ser outro, uma vez que o fato da Casa de Saúde estar fora da municipalização da saúde torna-se uma anomalia do sistema e que destoa da própria Constituição Federal e da Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080).

Criada para transferir a gestão dos recursos da saúde dos governos federal e estadual para o município, a municipalização da saúde prevê que a contratação de serviços particulares só será feito quando o poder público municipal não oferecer o serviço e o fato da Casa de Saúde receber até por exames laboratoriais acendeu o alerta dos vereadores.

Casa de Saúde fora da municipalização da saúde dias após derrota de Léo Coutinho em 2016

Em Caxias, após a tentativa de Léo Coutinho se reeleger em 2016 ter dado com os burros n’água, assistiu-se nos dias seguintes aquele pleito uma corrida maluca que gestou uma anomalia na municipalização da saúde do município, consistindo na transferência dos recursos públicos da saúde destinados à prestação dos serviços feitos pela empresa da família Coutinho não mais pelo município e sim pelo governo do estado, no que foi uma clara manobra para que esses recursos não fossem fiscalizados pelo município.

Ainda em 2016, a OAB em Caxias conseguiu, em sentença de 1º grau, reverter a decisão da comissão bipartite, numa escandalosa ação feita sem sequer conhecimento do Conselho Municipal de Saúde (reveja aqui).

Ainda durante a ressaca da derrota eleitoral em 2016, o então prefeito Léo Coutinho disse, durante entrevista na emissora de TV da família, que estava em curso uma articulação para passar a gestão da Maternidade Carmosina Coutinho para o governo do Estado, em outra manobra para diminuir o futuro governo de Fábio Gentil e fazer daquela unidade de saúde um cabide de empregos para correligionários (reveja aqui).

Em outra postagem deste blog pós-eleição 2016 também apontamos a suspensão do PSF por parte do governo federal, em mais um caso de terra arrasada contra a futura gestão (reveja aqui).

Em 26 de outubro de 2016, com um cambaleante grupo Coutinho vasculhando tudo que pudesse minimizar o prejuízo, abordei que Humberto Coutinho havia conseguido, com o apoio de Flávio Dino, enfim mudar a gestão de recursos da Casa de Saúde, que era repassado, conforme lei federal, pelo município de Caxias e passou então a ser pelo governo do Maranhão (reveja aqui).

Recebendo repasses de mais de R$ 1 milhão por mês para atendimentos diversos, inclusive exames laboratoriais, a Casa de Saúde transformou-se numa ilha da fantasia fora do que se propõe a municipalização da saúde.

Não sendo mais esses recursos públicos oriundos diretamente do Fundo Municipal de Saúde, a empresa da família Coutinho não presta contas ao Conselho Municipal de Saúde, órgão responsável por fiscalizar a auditar a aplicação dos valores recebidos por todas as empresas e instituições que fazem parte do serviço de saúde em Caxias.

Talvez por receio de ser acusado de perseguição política, o prefeito Fábio Gentil nunca tomou as medidas jurídicas que o caso requer, mas o Conselho Municipal de Saúde, a OAB, que se manifestou no início da manobra e até mesmo a Câmara de Vereadores podem reparar essa verdadeira anomalia da municipalização da saúde que ocorre em Caxias.

Aos desavisados, ou mal-intencionados, trata-se apenas do respeito as regras da municipalização da saúde e ao princípio básico da mesma, que é o controle da sociedade, através do seu Conselho Municipal de Saúde, dos recursos e consequente aplicação dos mesmos em prol do cidadão.

Com o arranjo feito após a derrota de Léo Coutinho, a Casa de Saúde transformou-se num corpo estranho dentro do sistema e fora do alcance da sociedade, que não pode fiscalizar a destinação de mais de R$ 1 milhão todos os meses à empresa da família Coutinho.

A lei é para todos e deve ser respeitada em Caxias.

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