Morreu o Pelé argentino

0comentário
Maradona ergue a taça de campeão da
Copa do Mundo do México, em 1986

A Argentina chora, desde ontem, a morte precoce de Diego Armando Maradona, aos 60 anos. Foi o maior ídolo do país no futebol e em todos os esportes, em geral. A comoção tem toda razão de ser, afinal, Maradona encheu os hermanos de orgulho ao ganhar praticamente sozinho, em 1986, uma Copa do Mundo e, de quebra, ir à forra contra a Inglaterra, eliminada com dois gols que entraram para a história, um por ter sido marcado em uma jogada de extrema habilidade, outro pela malandragem, que acabou eternizando o lance, finalizado com a “mão de Deus”, como classificou o craque tão logo eclodiu a polêmica.

Detalhe: haviam-se passado apenas três anos do fim da Guerra das Malvinas, confronto bélico pela posse do arquipélago situado no Atlântico Sul, em que o poderoso exército britânico massacrou as tropas argentinas, empurradas para o front mesmo sem a mínima chance de vencer. Daí os dois gols espetaculares de Maradona, que sacramentaram a eliminação da seleção inglesa, terem sido considerados uma revanche moral, celebrada até hoje.

O feito, aliado aos gols, dribles e demais façanhas dentro de campo, elevou Maradona ao status de herói nacional; para muitos, um Deus. De fato, a grandeza futebolística do Pibe de Oro, como os conterrâneos também o chamavam, é inquestionável. Ele estará na galeria dos maiores de todos os tempos por seu raro talento e espírito vencedor, só comparável ao brasileiro Pelé.

A propósito, a comparação entre Maradona e Pelé sempre marcou o mundo futebolístico, mesmo ambos tendo jogado em épocas distintas. Entre argentinos e até mesmo brasileiros é comum encontrar quem ache que o primeiro superou o segundo. Até o próprio Diego Armando já foi pego em arroubos em que deu a entender que se considerava melhor do que o Rei do Futebol.

Mas as estatísticas e a própria história desmentem. Pelé fez mais do que o triplo de gols, conquistou muito mais títulos, dentre os quais três edições da Copa do Mundo e dois mundiais de clubes, e tantos outros troféus, em uma carreira marcada pela regularidade que o outro não teve. Também foi eleito “Atleta do Século” em votação promovida pelo jprestigiado jornal francês L’Equipe, há exatos 40 anos.

Em meio à profunda consternação dos conterrâneos de Maradona, é mais adequado, honroso e respeitoso dizer que morreu o Pelé argentino. Essa sim é a mais justa e merecida homenagem ao legado do craque ao futebol.

Sem comentário para "Morreu o Pelé argentino"


deixe seu comentário

Twitter Facebook RSS