Menos de 24 horas após a visita de Jair Bolsonaro ao Maranhão, o deputado federal Márcio Jerry (PCdoB) cumpriu à risca a ordem dada pelo amigo, aliado político e patrão Flávio Dino (PCdoB) de reivindicar punição judicial ao presidente da república por supostas irregularidades cometidas durante a visita ao estado, na última quinta-feira (29). Por meio de suas redes sociais, o parlamentar comunista anunciou ter representado contra o chefe da nação no Ministério Público Federal (MPF).
A alegação de Jerry para fazer representação, protocolada na Procuradoria da República, foram as críticas indiretas feitas pelo presidente a Flávio Dino. Para o deputado federal, que também é presidente do PCdoB no Maranhão, Bolsonaro cometeu ato de improbidade administrativa ao usar uma visita oficial feita com recursos públicos para ‘atender interesses particulares de cunho político-eleitoral’.
Durante um evento em Imperatriz, Bolsonaro afirmou que iria ‘num curto espaço de tempo mandar embora o comunismo do Brasil’. O presidente classificou o regime como ‘ditatorial, onde o povo não tem vez’. “Pode ter certeza, outras vezes viremos aqui. E, se Deus quiser, brevemente estaremos para comemorar a erradicação do comunismo em nosso Brasil”, disse ele.
Improbidade?
Para Márcio Jerry, as declarações infringiram a Constituição e a lei sobre improbidade administrativa (Lei 8.429/92). “O pedido é para que o presidente responda por ato de improbidade, cometida quando excedeu a pauta presidencial para fazer proselitismo e pregação político partidária em um ambiente que era institucional”, afirmou.
Ainda de acordo com Jerry, além de o presidente ter usado a estrutura de um evento oficial, as declarações foram feitas “contra seus adversários, em pleno período eleitoral”.
Antes mesmo da viagem, Bolsonaro já havia afirmado nesta semana que era preciso ‘tirar o PCdoB’ do Maranhão, numa referência indireta ao governador Flávio Dino. Na visão de Márcio Jerry, Bolsonaro usou ‘verbas públicas para fins particulares, notadamente eleitorais” e feriu a lei de improbidade, já que a visita envolveu “deslocamentos aéreos, utilização de servidores e utilização de estruturas logísticas em evento oficial”.
Curiosamente, na representação de Márcio Jerry não há qualquer menção à brincadeira feita pelo presidente com o Guaraná Jesus, que tanto incomodou Flávio Dino e seu grupo político, por ter sido interpretada como manifestação homofóbica.
Ao que parece, a gozação de Bolsonaro tocou apenas no íntimo do governador, mas não foi ofensiva o suficiente para.fazê-lo buscar reparação na Justiça.
Confira a piada feita por Bolsonaro com o Guaraná Jesus:
Duas coisa me causam asco profundo: os políticos de forma geral e os evangélicos bolsonaristas que trocam a bíblia pelas loucuras de Bolsonaro.