Estudo da Fecomércio mostra que intenção de consumo caiu -51,2% na capital maranhense. Preocupações com a renda, o emprego e capacidade de consumo inibem ludovicenses
A proximidade do Dia dos Pais não foi suficiente para elevar a predisposição do ludovicense para ir às compras. Esse é o resultado apontado pelo levantamento de intenção de consumo das famílias de São Luís, realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Maranhão (Fecomércio-MA) neste mês de julho, que apresenta uma redução de -51,2% na intenção de consumo em relação ao mesmo período do ano passado.
O estudo avalia a percepção dos consumidores em relação a sete indicadores que influenciam na decisão e na capacidade de consumo atual e futura. Na passagem de junho para julho, cinco desses indicadores apresentaram variação negativa, refletindo em um aumento do pessimismo do consumidor. As principais desacelerações mensais foram quanto à avaliação do nível de consumo atual (-19,1%), o nível de renda atual da família (-18,4) e as perspectivas futuras de consumo (-18,2%).
Com isso, a Fecomércio avalia que, embora o comércio já tenha reaberto as portas em São Luís, o setor tende ainda a sentir os impactos negativos da pandemia na data comemorativa do Dia dos Pais. “A data compõe um dos cinco principais momentos do ano em que as vendas tendem a ter uma elevação acentuada. Este ano, com as preocupações dos consumidores e as avaliações negativas quanto à sua capacidade de renda e de consumo, as vendas deverão se manter num ritmo de recuperação em relação ao mês anterior, mas muito abaixo do registrado no ano passado”, avalia o presidente da Fecomércio-MA, José Arteiro da Silva.
Consumo
De acordo com a pesquisa, 75,4% dos consumidores de São Luís afirmaram que deverão comprar menos do que no mesmo período do ano passado, 20,1% apontaram que devem comprar no mesmo nível e apenas 4,4% dos ludovicenses se disseram propensos a comprar mais do que foi gasto no ano passado.
Pensando no futuro, 60,7% dos entrevistados indicaram que nos próximos meses deverá continuar comprando abaixo do nível de compras do ano passado, enquanto 31,0% espera que sua capacidade de consumo pelo menos se iguale ao nível do ano passado nos próximos meses e apenas 4,8% demonstra otimismo quanto a alcançar nos próximos meses uma capacidade de consumo superior à do ano passado.
“O nível de intenção de consumo já havia batido recorde em junho, alcançando a menor marca histórica. Neste mês de julho, os nossos estudos apontaram para a continuidade da retração do consumidor, renovando o recorde. Nesse cenário, as empresas precisam buscar alternativas para driblar esse pessimismo dos consumidores, oferecendo produtos inovadores e criativos que caibam na atual perspectiva de renda da famílias, além de buscar alcançar esse consumidor de formas diferenciadas, como por exemplo oferecendo facilidades através das redes sociais e plataformas digitais”, ressalta o presidente José Arteiro da Silva.
Um dos agravantes para a situação de deterioração do consumo, segundo o estudo da Fecomércio, é o cenário atual do emprego. Do total de entrevistados, 27,7% disse estar desempregado, 42,4% apontou estar menos seguro no emprego do que no ano passado, 24,1% dos consumidores afirmaram que se sentem da mesma forma do que no ano passado e apenas 5,7% demonstrou estar mais seguro no emprego agora do que no mesmo período de 2019.
Para a Federação do Comércio, o Maranhão precisará consolidar uma recuperação do mercado de trabalho nesse período de flexibilizações e retomada das atividades econômicas para que o consumidor volte a ter segurança na estabilidade da sua renda e da sua capacidade de consumo. Ainda de acordo com a Fecomércio, essa recuperação já foi iniciada no mês de junho, quando o Maranhão foi o estado do Nordeste que mais conseguiu criar postos de trabalho, com 3.907 novas vagas com carteira assinada.