De quem teria partido a ideia de investigar os desembargadores Tyrone José Silva, Froz Sobrinho, Guerreiro Júnior e Nelma Sarney, com a suposta intenção de prender os quatro magistrados? A revelação feita pelo delegado Thiago Bardal, em depoimento à Justiça, de que o secretário de Segurança Pública, Jefferson Portela, tentou impeli-lo a levantar indícios e produzir provas de irregularidades envolvendo os membros do Tribunal de Justiça do Maranhão abre margem para algumas perguntas. Afinal, a arrojada missão que mirou os togados foi arquitetada pelo secretário, individualmente, ou houve um mentor mais poderoso?
Passadas mais de 24 horas desde que a versão de Bardal veio à tona, o silêncio absoluto de Portela em nada ajuda o esclarecimentos dos fatos, muito menos confere salvo-conduto imediato ao secretário de Segurança Pública. Pelo contrário, aguça a curiosidade e induz a interpretações diversas, desde uma insuspeita tranquilidade do titular da SSP diante de declarações prestadas por um delegado preso e sem credibilidade a uma involuntária confissão de culpa, já que quem cala consente.
Em meio às diferentes leituras, há quem atribua a investida contra os desembargadores a forças que transcendem o gabinete de Jefferson Portela. Seria o chefe da pasta da Segurança Pública apenas o emissário de uma ordem superior? Há quem sugira que sim. Outros até apostam nessa hipótese, respaldando-se na indisfarçável tendência à tirania do Estado, hoje em voga no Maranhão.
Se ainda não gerou uma crise institucional, o teor do depoimento de Thiago Bardal é motivo de tensão nos bastidores. O mais claro sintoma de que o episódio vem causando mal estar é a reserva com que o assunto vem sendo tratado pelas cúpulas dos poderes.
A impressão é de que todos evitam se comprometer, por receio de mais estragos e outras consequências, algumas imprevisíveis.