O que teria Flávio Dino (PCdoB) a comemorar ao bancar o bloco pré-carnavalesco Os Comunas, batizado em alusão ao seu partido político e ao seu grupo político, com concentração marcada para a tarde/noite deste sábado, 23, no Centro Histórico de São Luís? É a pergunta que muitos fazem nestes tempos em que o governador amarga uma crise desencadeada por múltiplos fatores e enfrenta desgaste popular crescente.
A folia governista é, no mínimo, despropositada, tamanha a sucessão de problemas que minam este início de segundo mandato comunista. Um dos percalços advém do corte do percentual de 21,7% que milhares de servidores públicos estaduais recebiam até janeiro, antes de o governo barrar o benefício com um recurso no Tribunal de Justica, deferido semana passada. Indignado com a perda, o funcionalismo encara como deboche a brincadeira palaciana.
A ameaça de perda da concessão do Porto do Itaqui é outro fator que torna sem sentido a folia patrocinada por Flávio Dino. A cassação da licença é cogitada por causa da acusação de que a gestão comunista fez movimentações financeiras não previstas no contrato de delegação firmado há 18 anos entre o Governo do Maranhão e o Governo Federal. Trata-se de um risco real, apontado pelo deputado estadual Adriano Sarney, em recente discurso na tribuna da Assembleia Legislativa, como único legado do comunismo aos maranhenses.
Até a conjuntura internacional não favorece, neste momento, qualquer manifestação de júbilo governista. Como pode o grupo liderado por Flávio Dino extravasar a alegria típica do Carnaval em meio ao clima de hostilidade entre Brasil e Venezuela, cujo ditador, Nicolas Maduro, responsável pela miséria extrema que assola o povo daquele país, é defendido e exaltado pelos comunas, enquanto os próprios conterrâneos o repudiam?
Até aliados do governo veem com reserva a reedição do bloco em momento tão delicado e vêem a brincadeira como algo inapropriado. Muitos, certamente, não comparecerão por receio da reprovação popular.
Com tantos dissabores, resta saber qual sentimento prevalecerá entre os brincates do bloco. Se o clima de animação, estaremos diante de uma demonstração rara e inconteste de cinismo. A não ser que a folia palaciana seja uma espécie de comemoração antecipada do aumento de impostos aprovado ano passado, o terceiro da era comunista, que entrará em vigor em 1° de março.