Festejo de São Raimundo dos Mulundus, um evento religioso de tradição com grande potencial turístico

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Milhares de fiéis lotam a BR-222 na Romaria de São Raimundo doa.Mulundus

A devoção a São Raimundo dos Mulundus, o Santo Vaqueiro, resulta em um dos maiores eventos religiosos do Maranhão, mobilizando milhares de fiéis com forte devoção no estado. O curioso é que trata-se de uma festa popular, apoiada pela paróquia local, embora São Raimundo dos Mulundus, assim como o Padre Cícero,  não seja canonizado pela Igreja.

A romaria acontece no dia 22 de agosto, iniciando com uma procissão em Vargem Grande, com aproximadamente 5.000 fiéis, partindo às 6 horas da manhã em direção ao povoado da Paulica, chegando a ocupar 3km de pessoas na estrada, interditando a BR 222 e percorrendo uma distância de 8 km até o povoado, chegando lá às 8:30 horas. No povoado acontece a celebração da Santa Missa,  seguida de leilão e doaboio dos vaqueiros. O aboio é o canto dos vaqueiros para chamar o gado, com rimas e versos de improviso,  um canto chorado. Os fieis ficam arranchados em Paulica até às 16:00, quando retornam para Vargem Grande, chegada lá às 19:00, quando acontece a celebração da Missa Campal na Praça da Matriz. As duas missas são celebradas por Dom Sebastião, Bispo de Coroatá e pelo pároco de Vargem Grande, Padre Antônio Carlos.

Ao chegar em Vargem Grande, a imagem do santo padroeiro, é trazida até a entrada da cidade para receber São Raimundo dos Mulundus, e então as duas imagens entram na cidade, quando então é celebrada a missa. Os festejos encerram no dia 31 de agosto, dia de São Raimundo dos Mulundus, com a população da cidade triplicada, um número muito grande de pessoas e um potencial turístico enorme a ser desenvolvido na região.

“Dada a quantidade de pessoas que o festejo mobiliza, atraindo milhares de fieis de povoados vizinhos, o evento tem um potencial turístico enorme que precisa ser melhor trabalhado pelo poder público, podendo gerar mais emprego e renda para a região”, afirma o médico oftalmologista Dr. Mauro Cesar Oliveira, Presidente da Associação Médica do Maranhão, devoto de São Raimundo dos Mulundus, e que todos os anos está presente no evento. Dr. Mauro tem também mobilizado a classe médica para a realização de mutirões e ações sociais em benefício da região, com especial atenção para os mais carentes. “É preciso investir no aumento da estrutura de banheiros, restaurantes e hotéis, para receber tanta gente”, completa Dr. Mauro.

Um pouco da história

O médico.oftalmologista Dr. Mauro César Oliveira, devoto que luta para incrementar o turismo reli

Tudo começou ainda no Século XVIII. Por volta de 1700 nascia na fazenda Primavera (antiga Nova Olinda), Raimundo Nonato Soares Ganguçu. Ele foi criado como afilhado “liberto” da abastada portuguesa proprietária da fazenda e desfrutando de certas regalias, se tornou muito querido, respeitado entre os vaqueiros e moradores da vizinhança. Homem  de muita fé e cumpridor de suas obrigações,  era devoto do Santo do seu nome. Segue depoimento do pesquisador  José Mercedes Braga   de 98 anos (28.4.1919),  natural de Nina Rodrigues: “desde criança que ouvia histórias dos velhos vaqueiros do meu avô, que diziam ter escutado dos mais antigos. Segundo eles, a madrinha de Raimundo, autorizou que este,  pegasse uma rês para comemorar o seu aniversário  com os amigos vaqueiros. Ele foi campear com um cavalo e um cachorro e passou três dias desaparecido. Quando o encontraram estava morto ao lado do cão e do cavalo, ao lado e uma carnaubeira, petrificados, pareciam vivos. Alguns achavam que havia sido de raio, muito comum na região, batido a cabeça na palmeira ou simplesmente por obra e graça de Deus que o queria santo, hipótese mais aceita pelo povo do lugar ”. Houve uma comoção geral  daquela gente simples e  piedosa do interior,  que sofria pelo vaqueiro amigo que perdeu a vida no cumprimento do seu dever. Os anos se passaram e o povo não o esqueceu.

Com o passar do tempo passaram a rezar pela sua alma, muito comum na época,  e pedir graças, então a notícia começou a se espalhar que o vaqueiro se tornara milagreiro e que em sonho indicava aos moradores,  carnaubeira, onde foi encontrado morto,  como fonte dos milagres. De acordo com a crendice popular, a carnaubeira passou a ser usada como tratamento, para  todos os males incuráveis:  sua cascas, as palhas e até as raízes serviam para os chás milagrosos.

No início do século XIX, foi construída no local da morte do vaqueiro, em Mulundus, uma pequena ermida de palha,  para realizações de novenário no aniversário da morte do vaqueiro Raimundo, 31 de agosto, e a devoção se espalhou se transformando em centro de peregrinação.

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