O governador Flávio Dino (PCdoB) foi o grande perdedor do debate realizado ontem pela TV Mirante com cinco dos seis candidatos à sucessão estadual, o único da campanha, no primeiro turno. O comunista foi encurralado várias vezes, mentiu descaradamente ao responder a algumas perguntas e silenciou sobre temas cruciais, como o aumento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e sobre as blitze de trânsito que resultaram na apreensão de quase 20 mil carros e motocicletas em sua gestão, dos quais cerca de 15 mil foram leiloados.

Independente de quem tenha apresentado o melhor desempenho no debate, Flávio Dino foi destroçado. O que mais se ouve, desde o término do programa, é que o senador Roberto Rocha (PSDB) foi o candidato que se saiu melhor. De fato, o tucano deu um baile de conhecimento técnico no comunista, que demonstrou profunda e preocupante ignorância sobre administração pública e seus novos modelos e tendências. Cada impulso populista do governador foi prontamente rebatido com conceitos e exemplos de como um governante qualificado deve se conduzir para melhor servir ao seu povo.  Rocha também foi enfático ao desmontar a farsa da despoluição da Lagoa da Jansen, disseminada na propaganda oficial palaciana, e chegou a convidar Dino a tomar banho no local no próximo domingo, 7, dia da eleição.

Se Roberto Rocha desancou Flávio Dino no quesito tecnicismo, Roseana emparedou o comunista quando comparou seus governos ao dele. Ao dizer que em suas administrações o Maranhão teve um sistema de saúde de qualidade e registrou crescimento econômico expressivo, feitos confirmados por diferentes institutos oficiais, a emedebista deixou o governador sem discurso. Para arrematar, lembrou da geração de empregos, da atração de investimentos externos e da retirada de 500 mil maranhenses da linha de pobreza extrema. O golpe foi tão duro que Dino foi obrigado a apelar e partir para a baixaria, repetindo a sua surrada versão sobre festas e lagostas. Em meio à troca de farpas com Roseana, o desespero ficou escancarado no semblante do comunista, que foi salvo pelo cronômetro.

Reação à mentira

Maura Jorge (PSL) também partiu com tudo para cima do governador e fez pesadas críticas à saúde na atual gestão. Evocando repetidamente o nome de Jair Messias Bolsonaro, presidenciável do seu partido, ela desafiou o comunista a procurar atendimento médico para os seus filhos em hospitais estaduais. Maura também questionou o desempenho do setor de educação, criticando o modelo arcaico adotado nas escolas e seguido pelos professores. A candidata do PSL mostrou-se indignada com as inverdades propagadas pelo governador, fazendo menção ao personagem Pinóquio (cujo nariz cresce a cada mentira contada) e revelou que aliados de Flávio Dino têm pedido votos, também, para Bolsonaro, escancarando a incoerência e o oportunismo do grupo governista.

Odívio Neto, do PSOL, deu prioridade, em sua participação no debate, às questões relacionadas à educação. Representante da esquerda, assim como se apresenta Flávio Dino, ele chegou a dar a impressão, em alguns momentos, de que serviria como linha auxiliar do comunista. Mas a imagem inicial foi logo desfeita quando, ao comentar a PEC que congelou os gastos públicos do Governo Federal por 20 anos, o candidato  lembrou que partidos que integram a aliança de Dino, como DEM, PPS e PP, votaram, no Congresso Nacional, a favor da proposta, que chamou de aniquilação dos trabalhadores brasileiros.

Nos cinco blocos do debate, o que se viu foram todos os quatro oponentes questionando Flávio Dino, que em vários momentos ficou sem resposta e se esquivou com inverdades, abordagens alheias ao que foi perguntado e promessas mirabolantes. Acuado, o comunista viveu momentos de extrema tensão e sua eloquência deu lugar ao silêncio típico de quem prefere se calar para não se comprometer ainda mais.