Moradores do Monte Castelo estão assustados com sucessivos arrombamentos de imóveis, de veículos e assaltos a pedestres. O clima é de pânico, pois ninguém no bairro está a salvo de ataques, a qualquer hora do dia ou da noite, seja dentro de casa, seja na rua. A comunidade clama por socorro e cobra a presença efetiva da polícia, com patrulhas constantes para inibir a ação dos criminosos, que se valem do ambiente deserto de algumas vias para investir contra as vítimas.

Nos últimos 15 dias, duas famílias vizinhas, residentes na Rua Manoel Beckman, uma das menos movimentadas do Monte Castelo, tiveram seus carros arrombados por ladrões. Nos dois casos, os veículos passaram a noite na calçada e, ao amanhecer, os donos se depararam com o furto. Um dos automóveis teve uma das portas violadas com uso de um pé de cabra. A suspeita é de que uma mesma pessoa esteja praticando os crimes, mas, até o momento, o indivíduo não foi identificado.

Uma relojoaria que fica em frente às duas residências onde os carros foram arrombados também foi alvo de bandidos, que invadiram o estabelecimento e subtraíram vários objetos de valor. Além do prejuízo material, o proprietário relatou o trauma de ser vítima de um crime que pode se repetir a qualquer momento, tamanha a vulnerabilidade em que vive a comunidade do bairro, um dos mais tradicionais de São Luís e que um dia já foi pacato.

Paralela à Manoel Beckman, a Rua 11 de Outubro também representa perigo de assalto. Com relevo em forma de ladeira, a via torna-se mais arriscada à medida que o pedestre vai subindo em direção ao cruzamento com a Rua 19 de Março, trecho que à noite torna-se ambiente perfeito para ações criminosas. Com pouca iluminação e movimento quase inexistente de pessoas e veículos, o local é um dos preferidos pelos assaltantes, também por oferecer pelo menos três rotas de fuga.

Um dos maiores perigos é percorrer a pé o trecho entre a praça do antigo Cine Monte Castelo e fazer o caminho inverso. Ponto de embarque e desembarque para usuários de ônibus, o local marca o início de um trajeto onde muitos moradores já foram atacados e tiveram celulares, bolsas, jóias, relógios e outros objetos roubados, sem que nenhuma autoridade policial tenha conseguido reprimir as ações até hoje.

Dia após dia, a tradição e o sossego que um dia consagraram o Monte Castelo como um das regiões mais hospitaleiras da capital maranhense vão dando lugar ao medo, sensação que afasta visitantes e já levou muitas famílias antigas a buscar outras moradas. Cabe aos governantes devolver à comunidade a tranquilidade perdida e reabrir caminho para que o bairro volte a interagir a bom termo como as outras áreas da cidade.

Editorial publicado nesta quinta-feira em O Estado do Maranhão