O inevitável aumento das passagens de ônibus
Com greve ou sem greve de motoristas e cobradores, haverá, sim, reajuste das passagens de ônibus em São Luís. O contrato firmado entre a prefeitura e as empresas e consórcios vencedores da licitação do transporte prevê o realinhamento e ninguém, por mais ingênuo que seja, acredita que os empresários vão abrir mão de uma prerrogativa tão vantajosa.
O aumento tarifário é apenas questão de tempo, mais precisamente três meses, até que a assinatura do contrato complete um ano. Uma vez cumprido esse período, a tendência é que seja aplicada a cláusula que autoriza o reajuste.
Independente da paralisação de trabalhadores rodoviários, que, caso ocorra, vai onerar os cofres dos concessionários, estes não hesitarão em repassar os custos aos usuários do sistema. É a lógica do mercado e não há como fugir dela, apesar dos apelos e protestos da população e da pequena parcela da classe política que faz oposição à gestão do prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT).
Há 10 anos no ar, este blog já noticiou sucessivos reajustes de passagens de ônibus, sempre antecedidos por acaloradas discussões entre empresários e administração municipal e por intervenções providenciais – ou não – da Justiça e do Ministério Público (Estadual e do Trabalho). A população sempre assistiu a tudo na maior expectativa, frustrada, via de regra, pelo pior desfecho: o indesejável aumento, eufemisticamente disfarçado de realinhamento.
Difícil imaginar que empresários ávidos por lucro não lancem mão da regra contratual que lhes permite viabilizar os seus negócios. Se antes, quando a reposição tarifária dependia do aval da prefeitura e da Câmara Municipal, as empresas impunham seus interesses acima de quaisquer outros, imagine agora, que o mecanismo que dispara o aumento parece ter sido moldado para lhes favorecer.