
Os 32 presos que fugiram na noite deste domingo da Unidade Prisional de Ressocialização de São Luís 6 (UPSL 6), antigo Centro de Detenção Provisória de Pedrinhas (PCC), pertencem a uma mesma facção criminosa: o primeiro Comando da Capital (PCC), braço maranhense do PCC de São Paulo, responsável por espalhar o terror e a barbárie no estado mais rico e desenvolvido do Brasil. Trata-se de uma das organizações criminosas mais violentas em atuação no Maranhão, responsável por uma série de crimes, como execução de rivais, tráfico de drogas, assaltos, dentre outros.
Os detentos ligados ao PCC foram reunidos em um só pavilhão da UPSL 6, o Gama. A junção faz parte da estratégia da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) de evitar confrontos entre presos de grupos rivais que cumprem pena nas unidades prisionais de Pedrinhas.

Se por um lado impede o contato direto entre as facções, por outro, o esquema favorece a elaboração de planos como o que resultou na fuga espetacular de ontem à noite, por um buraco no muro (já reconstruído), aberto com dinamite, com saldo atual de 26 presos ainda foragidos, seis recapturados e dois mortos. Os números são oficiais e foram fornecidos pela Seap, em nota encaminhada à imprensa.
Fugitivos abandonaram carro e uniformes
Ao amanhecer, populares foram surpreendidos com um carro abandonado e com marcas de sangue. No interior do veículo estavam uniformes de presidiários, que provavelmente foram abandonados por fugitivos, que até agora encontram-se em lugar incerto e não sabido.
A secretaria ainda não informou as medidas disciplinares que tomará no sistema prisional após a fuga, nem mesmo se a estratégia de manter membros de uma mesma facção juntos em um mesmo pavilhão será revista.
Secretário está na Costa Rica

Enquanto o clima esteve tenso em Pedrinhas, o secretária de Estado de Administração Penitenciária, Murilo Andrade, estava em viagem à Costa Rica, na América Central, para uma audiência na Corte Interamericana de Direitos Humanos. Na reunião foi discutida justamente a situação do Complexo de Pedrinhas, além do Complexo de Curado, em Recife (PE), unidade prisional do Rio de Janeiro e unidade socioeducativa do Espírito Santo.

Ausente no momento mais conturbado de sua gestão, o mineiro Murilo Andrade, secretário indicado a Flávio Dino pelo PSDB de Aécio Neves, terá muito trabalho para esclarecer os fatos e reorganizar o sistema. Isso se permanecer no cargo após a fuga espetacular, a maior da história de Pedrinhas, exatos dois meses depois da prisão, em 21 de março deste ano, de um ex-secretário-adjunto da Seap e agente da Polícia Federal licenciado, por suspeita de corrupção na pasta e por violação de sigilo funcional.