Após divulgarem sucessivas versões desencontradas sobre o aluguel de um prédio pertencente a um filiado ao PCdoB com alto cargo na Empresa Maranhense de Administração Portuária (Emap) para abrigar uma unidade da Funac, o governador Flávio Dino e o secretário de Estado de Comunicação e Assuntos Políticos, Márcio Jerry, silenciaram sobre o recuo palaciano no caso. Nenhum dos dois se pronunciou em relação ao fim da polêmica, encerrada com derrota maiúscula do Palácio dos Leões.
Em audiência realizada ontem, no Fórum Desembargador Sarney Costa, o governo firmou acordo com a comunidade da Aurora em que se comprometeu a manter a unidade de internação da Funac no bairro só até dezembro deste ano – o contrato de aluguel era de 15 anos – e a atender reivindicações dos moradores do bairro na área de segurança pública.
A derrota do governo não mereceu um único comentário de Dino e Jerry no Facebook ou no Twitter, onde ambos são onipresentes. Depois do extremo desgaste provocado pela revelação de que o prédio, alugado por R$ 12 mil mensais, desde julho de 2015, pertence a um filiado comunista com alto cargo no governo, os dois homens mais fortes do comunismo maranhense parecem querer distância de polêmica. E deram aval ao acordo com a comunidade da Aurora, que resistiu bravamente à tentativa governista de instalar à força a unidade da Funac no bairro.
Não fosse a atuação da imprensa e da blogosfera independentes no caso [este blog divulgou o “aluguel camarada” em primeira mão (reveja aqui)], o desfecho do caso dificilmente teria sido favorável à comunidade. O próprio Flávio Dino, em vistoria que fez ao imóvel, bradou que a unidade de internação de adolescentes infratores seria instalada na Aurora, sob protesto da então vereadora Rose Seles, que acompanhou a inspeção e chegou a chamar o governador de “grosso” por impor uma medida rejeitada pelo povo.
Diante do que se viu do início ao fim da polêmica, pode-se afirmar com convicção que o desfecho não foi o que o governo esperava.