O promotor de Justiça de Controle Externo da Atividade Policial, Cláudio Guimarães, age com sensatez e compromisso com o seu dever de fiscal das leis ao impor normas para o pré-Carnaval e o Carnaval em bairros de São Luís. Os argumentos do representante do Ministério Público de que é inadmissível a cobrança de ingressos em festas realizadas em aspaços públicos e de que tais eventos desviam expressivo contingente policial para uma atividade privada e sobrecarregam o serviço de limpeza pública são mais do que legítimos e estão plenamente de acordo com o que espera a coletividade.
Quem se opõe ao raciocínio aplicado pelo promotor ignora o transtorno que a desregulamentação dessas festas vinha causando à maioria da população. Sem regras, prevalecia o caos, abusos e graves violações de direitos e garantias coletivos e individuais, como o de ir e vir e a própria proteção do Estado, ou seja, a segurança pública.
Se bem organizadas, festas carnavalescas reúnem público expressivo, tendo em vista a disposição do povo de São Luís para a folia. Portanto, são viáveis economicamente para quem explora esse tipo de entretenimento como negócio. O que é inconcebível é lotear áreas de uso comum a todos os cidadãos para favorecer empresários, que visam tão somente o lucro, com o menor custo possível.
Ao bater de frente com a lógica até então praticada, Cláudio Guimarães desagrada um grupo seleto de privilegiados, dentre os quais agentes públicos que fazem vista grossa e até mesmo se beneficiam da falta de regras. Mas a maioria aprova sua atitude, baseada na ordem, no combate à violência e no respeito à urbanidade.
A restrição do pré-Carnaval acendeu uma polêmica que deverá se estender pelos próximos dias, por envolver ninguém menos do que o governador Flávio Dino (PCdoB), que em recado claro ao promotor declarou publicamente que a folia “tem que ser na cidade toda”. Em uma resposta imediata, dura e certeira, Cláudio Guimarães chamou o chefe do Executivo de “desinformado”, abrindo espaço para mais troca de farpas e desdobramentos imprevisíveis, até mesmo de caráter institucional.
Quanto ao carnaval de rua tradicional, que têm como atrações as manifestações genuínas do folclore local e é realizado no Centro Histórico e na Madre Deus, esse deve ser preservado, como forma de valorizar a identidade cultural dos maranhenses.