Há quase 15 meses no poder, o governador Flávio Dino (PCdoB) mostra estar muito mais envolvido em assuntos alheios às suas atribuições de chefe do Poder Executivo estadual do que com os problemas do Maranhão inerentes à natureza do seu mandato. Enquanto o comunista dedica tempo e energia vociferando contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff e, mais recentemente, em repúdio ao caos na BR-135 – rodovia federal cuja jurisdição é da União -, a violência vai campeando de forma assustadora no estado, a saúde vai de mal a pior e a crise econômica exibe consequências ainda mais cruéis para os maranhenses, sem que o governo local tome qualquer medida redentora.

Seria muito mais produtivo ao governador mergulhar de cabeça no combate à criminalidade do que posar de salvador de um governo contestado por pelo menos metade da população brasileira e atordoado com a debandada de partidos aliados, que outrora lhe davam sustentação política. A violência no Maranhão é crônica e só o empenho do governo estadual pode fazê-la recuar.

Quanto ao anúncio de Flávio Dino de que irá ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedir a recuperação da BR-135, feito após o assassinato da bailarina Ana Duarte, na madrugada do último sábado, durante viagem pela rodovia, nota-se um equívoco do comunista, ou, quem sabe, a tentativa de desviar o foco do verdadeiro problema, que é a escalada do crime. A causa principal da morte da artista não foi o péssimo estado de conservação da estrada, mas sim a proliferação de bandos armados, estimulada pela falta de repressão efetiva à violência.

A alienação do governador também fazendo mal à saúde dos seus conterrâneos. Hospitais e demais unidades médicas administradas pelo Estado já não atendem com a mesma eficiência de outrora. Ao mesmo tempo em que o povo sofre nas filas para consultas e exames, sem remédio e cada vez mais desamparado nos casos de urgência, Flávio Dino segue defendendo causas que nada têm a ver com seu dever constitucional e imediato.

Em vez de olhar para dentro do Maranhão, o governador mira o ambiente externo, como se quisesse se viabilizar como liderança política nacional. Talvez a ambição por um projeto político maior explique o distanciamento do comunista dos assuntos locais.

Se for isso, o povo, que nada tem a ver com as aspirações de poder de quem foi eleito para administrar exclusivamente o estado, está sendo penalizado com o seu próprio voto.