A Universidade Federal do Maranhão (UFMA) mais uma vez é destaque internacional. O estudante do 10º período de Medicina, Renato Gaspar, foi premiado pela American Physiological Society, com o Prêmio “Novel Disease Model Award for Predoctoral Students”, que será entregue durante o Congresso Experimental Biology 2016, em San Diego, EUA, de 02 a 06 de abril. Desenvolvido sob a orientação do professor Marcus Paes, o projeto estuda a síndrome dos ovários policísticos.
De acordo com Gaspar, a premiação foi uma grata surpresa. Considera um reconhecimento aos demais membros que desenvolvem pesquisas no laboratório e credita o sucesso a todo o grupo. O prêmio, diz ele, coloca a UFMA no patamar mais alto da ciência no Brasil e no mundo. “Nós estamos intelectualmente comparados aos grandes parques tecnológicos. Tenho orgulho de fazer parte dessa instituição. Evidencia que esta universidade tem sim pesquisa de ponta e tecnologia aplicável para desenvolvimento de estudos importantes na ciência”, argumenta.
Marcus Paes, professor do Departamento de Ciências Fisiológicas, explica que o prêmio é um reconhecimento a um trabalho desenvolvido há 10 anos. “Iniciamos esse trabalho com o modelo animal e trabalhamos com o modelo de obesidade induzido pelo L-glutamato monossódico. Então, foi observada em certa oportunidade que as ratas mais obesas eram inférteis. Esse experimento ficou de stand by por certo tempo até que o Renato entrou no laboratório como aluno de iniciação científica, decidimos retomar o estudo, uma vez que observamos que as principais causas de baixa fertilidade são ovários policísticos”, explicou.
Diante do estudo apresentado, o professor explicou que o método vai ajudar a desenvolver novas drogas para combater a síndrome do ovário policístico. “Nosso modelo tem características bem relevantes para implementação de novos fármacos. Nosso trabalho é uma ferramenta de estudo”, reiterou.
Empolgado com o sucesso do trabalho no Laboratório de Fisiologia, Renato Gaspar confessa que se sente motivado em seguir a carreira científica, ajudando a desenvolver novos estudos que possam vir a contribuir com a sociedade.
O orientador, Marcus Paes, explicou que o projeto foi selecionado em meio a outras dezenas de trabalhos inscritos e pela primeira vez um brasileiro conquistou o prêmio que é concedido desde 2008.
Entenda como funciona o método premiado
Os pesquisadores explicam que o modelo desenvolvido traz uma faceta diferente dos demais projetos. O método MSG (L-glutamato monossódico) expande o estudo para grupos de pesquisas menos privilegiados, pois todos os outros modelos são feitos através de hormônios ou drogas bem mais caros.
O modelo consiste na injeção do sal MSG em ratos recém-nascidos e o acompanhamento do desenvolvimento animal até a vida adulta, por volta dos 60 dias. Durante esse período é observado que as fêmeas começam a apresentar obesidade, triglicérides alto e diabetes melitus 2, isso do ponto de vista metabólico. Já do ponto de vista reprodutivo, foi descoberto que elas são levadas a desenvolver ciclos irregulares, assim como as mulheres que possuem SOP. As ratas acabam apresentando ovários policísticos, que também são compatíveis com as mulheres.