Uma recomendação postada recentemente em um dos perfis da Polícia Militar do Maranhão no Facebook dá a ideia precisa do receio que toma conta da tropa nestes tempos de violência desenfreada e de ousadia crescente do crime. Demonstrando extrema preocupação com a segurança dos colegas, o responsável pela página escreveu, em visível tom de alerta: “Olá guerreiros, alguém esta semana já patrulhou a rua onde mora seu irmão de farda? Passou la com giroflex ligado? Deu sinal quando passou na porta…? Sabia que isto faz uma grande diferença?” (sic).
O conselho faz todo sentido, tendo em vista a audácia da bandidagem, que já não se intimida como antes com a presença da polícia e algumas vezes leva vantagem em confrontos com as forças de segurança. Ressabiados com a morte de dezenas de colegas nos últimos anos no estado, os militares passaram a se precaver, mudando radicalmente a sua vida social, com impacto também na rotina dos seus familiares.
Muitos policiais militares maranhenses já não se sentem seguros ao sair e chegar em casa de farda. Com receio de ataques criminosos, motivados principalmente por vingança, escondem o uniforme no trajeto até o quartel e só o vestem durante o turno de trabalho.
Os policiais destemidos compõem hoje uma minoria cada vez mais escassa. A bravura, algo fundamental para o combate efetivo à violência, agora está associada à cautela. Seja nas rondas, seja fora do expediente, os militares já não se expõem tanto.
Mais do que certo, já que para proteger a sociedade, os policiais devem antes preservar a própria integridade.