O jovem Wellton Carlos Azevedo Mota, 32 anos, havia deixado o Maranhão para ganhar a vida no Rio de Janeiro. Como uma espécie de retirante, ele passou por vários percalços, entre os quais o preconceito que vitima os nordestinos quando em território alheio e a violência histórica à qual está associada a imagem da Cidade Maravilhosa. Ainda assim sobreviveu, com dignidade, o que é mais importante. Quis o destino que ele morresse justamente em uma viagem a São Luís, cidade assolada pela criminalidade, que parece ter migrado dos grandes centros para fazer morada na terra natal do agora saudoso Wellton.
O jovem, que há poucos dias havia desembarcado em São Luís para passar as férias com a família, foi assassinado ontem à noite, no Morro de São Sebastião, área de favela no entorno do Coroadinho dominada pelo crime. Na página mantida pela comunidade do bairro no Facebook, amigos e conhecidos da vítima dizem estar perplexos.
Foram quatro assassinatos no Coroadinho em pouco mais de uma semana, a maioria relacionada à disputa entre gangues rivais envolvidas com o tráfico de drogas.
A morte de Wellton tem um diferencial: ele era um cidadão de bem, amava e honrava a família e iria ser pai mais uma vez. Lamentavelmente, sua prole crescerá órfã, enquanto a violência segue desenfreada, sem qualquer perspectiva de desfecho.
Uma triste ironia ele ter passado incólume aos arrastões, às balas perdidas e à crueldade do tráfico que assolam o Rio de Janeiro e ter encontrado a morte em São Luís. Se seu propósito era ganhar a vida na capital fluminense, conseguiu. Mas ele poderia muito tê-la desfrutado ainda mais entre os conterrâneos, não fosse a violência que o levou tão prematuramente.
Wellton chegou a ser hospitalizado, mas não resistiu. Seu corpo será sepultado na pequena e pacata São Vicente Ferrer.