A greve de professores da rede municipal de ensino completará um mês amanhã com um saldo de prejuízos a dezenas de milhares de alunos, a grande maioria crianças que estão dando os primeiros passos nos estudos. E o que é pior: não há qualquer perspectiva de desfecho, já que os educadores estão irredutíveis quanto ao reajuste salarial de 20% que reivindicam, ao passo que a Prefeitura de São Luís alega inviabilidade financeira e recorre à Lei de Responsabilidade Fiscal para negar o aumento no percentual pretendido pela categoria.
No caso específico do pedido de reajuste, a administração municipal apresentou uma contraproposta de 3% de reposição, considerada irrisória pela categoria, que reagiu indignada. Na verdade, a oferta serviu para acirrar ainda mais os ânimos dos educadores e estes passaram a ir às ruas com mais freqüência. No auge da revolta, um grupo de professores chegou a fazer um ato público em frente ao edifício onde mora o prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PTC).
Pelos cálculos do Sindicato dos Profissionais do Ensino Público Municipal (Sindeducação), 80% dos professores aderiram à greve. Isso quer dizer que oito em cada 10 salas de aula estão vazias, enquanto os estudantes passam o dia em casa ou em atividades alheias ao ensino que deveriam estar recebendo. Também já há notícias de pais que recorreram a escolas e professores particulares para amenizar a perda de conteúdo, o que representa um gasto a maior para as famílias com crianças matriculadas na rede municipal, a maioria delas carente.
À medida que o tempo passa, aumenta a defasagem do cronograma, ao mesmo tempo em que diminuem as chances de uma reposição satisfatória do conteúdo. A tendência é que quando a greve acabar as aulas sejam ministradas de forma acelerada e sem o rigor pedagógico que favoreça o aprendizado. Daí a necessidade urgente de se chegar a um acordo, o que vai depender, sobretudo, da capacidade do sindicato de ceder e do compromisso dos professores com a profissão que abraçaram.
Nem mesmo a intervenção do Ministério Público, por meio da Promotoria de Defesa da Educação, levou a um consenso. Em reunião na última quarta-feira entre o comando de greve e representantes da Secretaria Municipal de Educação (Semed), vários assuntos foram abordados, entre os quais os processos de aposentadoria em tramitação e o tão esperado reajuste nos vencimentos. Houve certo avanço em relação ao primeiro item, mas quando as partes passaram o discutir a questão salarial, a negociação voltou a emperrar, frustrando as expectativas do MP, da Semed e dos milhares de pais e alunos que aguardam ansiosamente a normalização da rotina nas escolas.
Atendendo pedido dos grevistas, a promotora Luciane Belo, que mediou as discussões, deu prazo até o fim da próxima semana para que a prefeitura apresente o orçamento detalhado da educação municipal. Uma vez de posse dessa informação, a categoria poderá discutir o assunto com maior profundidade e, quem sabe, reavaliar o seu posicionamento. Até lá, o impasse permanece.
Editorial publicado neste sábado em O Estado do Maranhão
Cara o que eu sei é que esse sindicato é muito desunido e desorganizado! Ali é cobra comendo cobra! Eles não estão nem um pouco preocupados com crianças sem aula, o que querem realmente é aproveitar alguns dias em casa e curtir os jogos da Copa! Os mais prejudicados são os alunos,claro!
Não darei tantas vazões a este post ou comentários sobre essa greve. Eu acompanhei a greve passada e percebi o grau de desunião entre os professores. Não há o bem comum pela educação, eu percebi foi cada um querendo se destacar mais que o outro e buscando os próprios interesses. Complicado assim..
Essa greve não evolui para um acordo porque existem interesses divergentes dentro do próprio sindicato dos professores, inclusive interesses políticos. Infelizmente os prejudicados são os alunos e o ensino público.