Em sua terceira passagem pela Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (SMTT), o engenheiro Francisco Canindé Barros parece não estar disposto a fazer uma gestão transparente. Responsável por duas áreas extremamente problemáticas e que carecem de intervenções urgentes, o secretário frequentemente se recusa a atender a imprensa quando solicitado e só vem a público com discursos ensaiados, nos quais anuncia melhorias que na prática quase nunca se concretizam.
O inacessível Canindé se nega a falar, pelo menos publicamente, da suspeita de vício na licitação vencida pela empresa Arco-Íris Sinalização Viária LTDA., denunciada por uma concorrente ao Tribunal de Contas do Estado (TCE). Contratada por R$ 8 milhões para instalar 36 fotossenssores e 15 barreiras eletrônicas em avenidas da capital, a permissionária interrompeu a montagem dos equipamentos após as primeiras acusações. Resultado: desde o fim do ano passado, a malha viária da cidade deixou de dispor de instrumentos capazes de fiscalizar e coibir a imprudência no trânsito, que assim torna-se a cada dia mais perigoso.
O referido certame foi realizado na gestão do também engenheiro Carlos Rogério Araújo, antecessor de Canindé na SMTT, mas o novo titular parece não querer nem ouvir falar do assunto, apesar do transtorno causado à população de São Luís.
O secretário também vem tratando como tabu a questão dos táxis-lotação. Assim que assumiu o cargo, no início de abril, ele jogou duro para cima dos piratas, mas recuou depois que os clandestinos fizeram um protesto, interditando algumas ruas do Centro. Em meio à polêmica, Canindé chegou a anunciar a possibilidade de regularizá-los, medida que não encontraria amparo no Código de Trânsito Brasileiro (CTB). O certo é que hoje a exploração do serviço de táxi-lotação é um tema indigesto para o titular da SMTT, que passou a fazer vista grossa para a ilegalidade.
Na manhã desta segunda-feira, Canindé Barros se reuniu a portas fechadas, em seu gabinete, com donos de empresas de ônibus, que na última sexta-feira receberam do Sindicato dos Rodoviários uma notificação de greve, cujo início está marcado para a próxima quarta-feira. O impressionante é que nem mesmo o risco de nova paralisação do transporte público foi capaz de levá-lo a agir com transparência. Diante do silêncio, fica a dúvida sobre o seu empenho ou mesmo competência para evitar o pior.
A população de São Luís sofre diariamente com o caos no trânsito e no transporte público. Apesar dos transtornos, o secretário, mesmo do alto da sua experiência, prefere o isolamento e só aparece quando lhe convém. Seria o caso, então, de abrir espaço para gente com novas ideias e procedimentos?
Essa é a pergunta que não pode ficar sem resposta. Será que não tem ninguém no Maranhão, com capacidade técnica e idoneidade suficiente, para exercer esse cargo tão importante para nossa cidade? Esse cidadão, que não conheço, já desde 2004, quando declarou à imprensa local que “não é o asfalto que é usado em S Luis/MA, que não possui qualidade, o solo da cidade é que não presta”, deixou de ter a minha confiança, em sua capacidade profissional.