O acidente ocorrido ontem à noite no povoado Madragoa, em Bacuri, na Baixada Maranhense, com saldo lamentável de oito mortes e 13 pessoas feridas, há muito era uma tragédia anunciada. Realizado há décadas, o transporte de passageiros em caminhonetes, com bancos improvisados nas carrocerias, os famigerados paus-de-arara, é um risco ao qual muitos maranhenses se submetem por causa da miséria em que vivem ou por falta de outro meio de locomoção nas regiões onde moram.
As vítimas da tragédia em Bacuri eram estudantes da rede pública, todos adolescentes, que viajavam justamente em um pau-de-arara. Mas não por necessidade financeira. Na verdade, dinheiro há, e em abundância, para custear o transporte dos alunos às escolas. O que falta mesmo é compromisso dos gestores municipais para aplicá-lo de forma correta.
Repassada pelo Governo Federal, por meio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), a verba cai religiosamente na conta das prefeituras. Em Bacuri, por exemplo, onde 201 estudantes da rede municipal de ensino utilizam o transporte escolar, o valor per capita é de R$ 140,65, o que totaliza um repasse anual de R$ 28.270,64. Outros R$ 29.395,84 são destinados ao Governo do Estado para custear o transporte de outros 209 alunos mantidos pela Secretaria Estadual de Educação (Seduc).
Todo o montante já destinado em exercícios anteriores e a previsão de repasses até o fim deste ano estão registrados no site do FNDE. O problema é que o que é contabilizado nas planilhas nem sempre se confirma na prática. E não se trata de erro de cálculo. Antes fosse, mas, infelizmente, a distorção é causada pela má gestão dos recursos, que são desviados para outros fins.
Dezenove estudantes viajavam no pau-de-arara atingido frontalmente por um caminhão carregado de pedras em Bacuri. Entre mortos e feridos, todos foram vítimas do descaso.
Daniel, ums fiscalização realizada pela CGU no município já havia identificado a irregularidade, inclusive com o veículo do acidente. Veja em http://sistemas.cgu.gov.br/relats/relatorios.php