A onda de assaltos a ônibus registrada em São Luís tem gerado uma situação curiosa e ao mesmo tempo injusta para com os cidadãos que precisam do transporte público para se locomover. Em vez de o Estado impor punição aos criminosos, os penalizados acabam sendo os usuários dos coletivos, em razão da interrupção do serviço. Ontem, novamente circulou a informação sobre uma suposta paralisação, que causou sobressalto na cidade, com desdobramentos mais visíveis no Centro. Felizmente, os rumores não se confirmaram.
Motoristas e cobradores têm pleno direito de protestar contra a violência. Afinal, estão a cada dia mais expostos a assaltos e ao risco de ser mortos em plena jornada de trabalho. Que o diga o cobrador baleado no último dia 1º ao reagir a um assalto no Ipase. Por outro lado, é preciso reavaliar o mecanismo ora adotado para fazer pressão. Isso porque a paralisação do transporte público acaba gerando ainda mais tensão. Em casos extremos, há depredação de ônibus e até agressões físicas a rodoviários, cometidas por pessoas revoltadas com a falta de transporte.
O sindicato da categoria, que outrora sempre recorria a greves para protestar contra os ataques aos coletivos, parece ter compreendido a situação e em assembleia geral realizada ontem orientou os trabalhadores a rejeitar a proposta de paralisação colocada em votação. A entidade defendeu a manutenção do diálogo com a Secretaria de Segurança Pública para que as operações de combate aos assaltos a ônibus sejam intensificadas. A propósito, a polícia tem dado atenção especial a esse tipo de crime e nos últimos meses prendeu vários bandidos, alguns em pleno ato ou quando estavam prestes a praticá-lo.
Diante da gravidade do problema e dos prejuízos que este pode causar à rotina da capital, é preciso mirar o alvo certo, para que o caos não se acentue ainda mais. Se o problema são os assaltos a ônibus, que sejam punidos os criminosos, e não os cidadãos que tanto precisam do transporte público. Nesse caso, é preciso a ação eficiente da polícia e consequente condenação dos criminosos pela Justiça. Como muitos dos assaltantes são adolescentes, é fundamental que as autoridades ligadas à questão da adolescência estejam engajadas à missão.
De uns anos para cá, os usuários tornaram-se vítimas dos assaltos a ônibus tanto quanto motoristas e cobradores. Depois que as empresas passaram a orientar os empregados a manter o mínimo de dinheiro nos coletivos durante as viagens, os passageiros passaram a ser abordados com mais freqüência pelos criminosos. Um desconforto a mais para os cidadãos que dependem do cada vez mais precário sistema de transporte da capital. Com o agravante de que agora há o risco à vida.
O Sindicato dos Rodoviários agiu de forma sensata ao evitar a greve, que vinha sendo dada como certa por uma parcela da população e era incentivada por grupos interessados no caos. Vale ressaltar que a ameaça de paralisação não foi de todo afastada e continuará existindo enquanto os assaltos a ônibus persistirem. Por isso, as autoridades devem reprimir implacavelmente os criminosos, para que não se volte a atingir o alvo errado.
Editorial publicado nesta sexta-feira em O Estado do Maranhão
as autoridades vão esoerar acontecer o pior ? nos estamos ficando acoados sem saber a quem pedir ajuda