A Polícia Militar prendeu ontem mais um perigoso bandido, apontado como um dos líderes do Bonde dos 40, uma das facções criminosas que travam uma disputa sanguinária pelo controle do tráfico de drogas em São Luís. Iderley Morais, mais conhecido como Paiakan, foi capturado em mais uma operação deflagrada a partir de informações do Serviço de Inteligência da corporação. A propósito, o trabalho de investigação realizado pela PM tem sido uma arma poderosa contra traficantes, homicidas, assaltantes e demais indivíduos que vivem do crime.
A prisão de Paiakan ocorreu exatamente uma semana depois de a polícia ter colocados atrás das grades Fábio Coelho dos Santos, o Fabinho Matador, outro bandido de altíssima periculosidade, também ligado ao Bonde dos 40. A dupla teria conseguido escapar ao cerco policial montado em uma festa promovida pela quadrilha, no último dia 8, em uma casa de praia no Araçagi. Desde então, os dois criminosos vinham sendo caçados implacavelmente pelas forças de segurança, pois além das acusações de tráfico, assaltos e homicídios, estariam de posse de uma lista de policiais marcados para morrer.
Há de se exaltar o trabalho do sistema de segurança pública, que, mesmo com déficit de efetivo, tem conseguido fazer frente ao crime, mandando para a prisão os marginais mais perigosos à sociedade. É fato que a cada dia a bandidagem mostra maior poder de fogo, o que exige esforço redobrado e permanente das autoridades. Daí a necessidade urgente de reforço do contingente, o que já está sendo providenciado por meio do concurso público para as Polícias Civil e Militar, atualmente na fase de formação dos aprovados.
O que mais preocupa neste momento é o aumento da dose de violência imposta pelas quadrilhas no confronto com rivais e nos métodos adotados para aterrorizar a população. Movidos pelo tráfico, os bandidos cometem crimes bárbaros, como execuções em via pública e assaltos audaciosos. A carnificina registrada nas unidades prisionais e o incêndio de ônibus deixam ainda mais clara a disposição dos criminosos de intimidar a sociedade, a cada mais acuada ao testemunhar tanta crueldade. No meio do fogo cruzado, muitos cidadãos transformaram a atitude preventiva em regra de sobrevivência.
A violência gera um custo altíssimo à cidade, que tem sua rotina alterada, seja por ocorrências reais, seja pela intranqüilidade causada por boatos, como aconteceu semana passada, quando falsas informações sobre arrastões levaram pavor a shoppings, à Rua Grande, ao João Paulo e a outras áreas da cidade com grande concentração popular. A boataria comprometeu serviços essenciais, como o transporte público, e segmentos importantes da economia, a exemplo do comércio, prejudicando centenas de milhares de pessoas. Em meio ao sobressalto, os cidadãos exigem providências do Estado, que se desdobra para devolver o sossego ora perdido.
Apesar de não dispor de todos os recursos para enfrentar a bandidagem, a polícia tem cumprindo bem seu papel de guardiã da sociedade. Prova disso foi a Operação Sossego, deflagrada no último fim de semana, cujo saldo mostrou queda significativa nas ocorrências de crime, principalmente homicídios. O número de prisões tem sido satisfatório, sobretudo quando se leva em conta a alta a periculosidade dos bandidos mandados para trás das grades. Resta, então, mantê-los na cadeia para que recebam a devida punição.
Editorial publicado neste sábado em O Estado do Maranhão