Ordem no Pantheon

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Visões da Praça do Pantheon antes e depois da desocupação: livre de barracas, ambiente fica mais aprazível
Visões da Praça do Pantheon antes e depois da desocupação: livre de barracas, ambiente fica bem mais aprazível

Uma operação realizada ontem pela Blitz Urbana livrou, ao menos momentaneamente, a Praça do Pantheon de barracas e outras estruturas que há anos a tornavam um dos ambientes mais caóticos de São Luís. Ambulantes que ocupavam o espaço para vender comida, artesanato e até para fazer tatuagens foram remanejados para um trecho da Praça Deodoro, devolvendo ao Pantheon o mínimo de urbanidade. Um dos pontos turísticos da capital e cenário de vários acontecimentos históricos, a praça sofre com o abandono do poder público e até o momento não há definição clara sobre quando o local será finalmente revitalizado.

A operação começou logo cedo e foi executada com certa tranquilidade, já que os ambulantes foram previamente notificados. Em alguns minutos, dezenas de bancas foram retiradas, mudando completamente o aspecto da praça, antes transformada em mercado a céu aberto. Para se ter ideia do absurdo, algumas bases que por décadas sustentaram bustos de intelectuais e outras personalidades maranhenses vinham sendo usadas como suportes para bacias, garrafas, caixas de isopor e outros itens utilizados no dia a dia por quem ganha a vida vendendo lanches e refeições.

Por falar em bustos, as 18 peças foram retiradas em 2005 do Pantheon devido ao estado precário da praça, a pedido da Academia Maranhense de Letras, pois estavam sendo alvos de depredação. Restaurados, os monumentos hoje estão guardados no Museu Histórico e Artístico do Maranhão, na Rua do Sol, sem previsão para voltar ao espaço original. A AML já anunciou que as peças só serão exibidas novamente no Pantheon quando a praça for reformada, intervenção cuja data de início ainda é uma incógnita.

A operação na Praça do Pantheon foi necessária, mas é inegável que para manter o logradouro livre de novas invasões a Prefeitura de São Luís terá que impor rígida fiscalização, algo difícil de fazer em uma área comercial, onde muitos cidadãos sem emprego formal buscam a sobrevivência. O ideal seria iniciar a reforma do espaço no menor prazo possível. Em nota divulgada após a operação, a Secretaria Municipal de Comunicação (Secom) limitou-se a informar que serão postos tapumes para imediato início das obras. Mas, diante da magnitude da obra e da falta de precisão, a impressão é de que ainda não existe um projeto pronto.

Vale ressaltar que a recuperação da Praça do Pantheon está incluída no conjunto de obras a serem executadas na capital maranhense com recursos do PAC Cidades Históricas, sob a supervisão do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Pelo que já foi discutido, caberá ao Município tão somente desocupar o logradouro. As intervenções físicas ficarão a cargo da Superintendência do Patrimônio Cultural, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Cultura. Daí ser mais prudente aguardar a manifestação do governo estadual para não criar falsa expectativa.

São incontáveis os problemas que causam transtorno ao dia a dia do Centro de São Luís. Infraestrutura danificada e ocupação ilegal do espaço público estão entre os que exigem soluções mais urgentes. Por isso, a operação no Pantheon foi mais do que oportuna. Mas ainda falta muito para devolver à área a hospitalidade de outrora.

Fotos: Biaman Prado/Biné Morais (O Estado do Maranhão)

Editorial Publicado neste sábado em O Estado do Maranhão

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