Se a articulação da greve de rodoviários que teria início nesta quarta-feira gerou desconfiança nos observadores mais atentos, o desfecho foi ainda mais suspeito. Da paralisação seguida de atos de vandalismo ocorrida na última sexta-feira até o acordo firmado hoje entre patrões e empregados, supostamente mediado pelo prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PTC), tudo cheira a orquestração.
A impressão foi de mero jogo de cena, com movimentos minuciosamente calculados pelas partes envolvidas. Tudo sob a a orientação de Holandinha e seus auxiliares mais tarimbados, dispostos a qualquer negócio para angariar dividendos políticos.
Que o diga o secretário de Comunicação, Márcio Jerry, que no último sábado apressou-se em postar nas redes sociais uma nota em resposta à barbárie do dia anterior, destacando o “diálogo permanente entre a prefeitura e o segmento do transporte” e revelando que os empresários recusaram a renovação da ajuda financeira que o Município repassara nos três meses anteriores. Detalhe: a Secom só divulgou a nota pelos meios convencionais horas depois.
A verdade é que o acerto entre a prefeitura e os sindicatos das empresas e dos trabalhadores do setor de transporte será bancado pela população. Serão R$ 2 milhões mensais, com prazo indefinido, a título de subsídio para ajudar a custear o sistema, como vinha acontecendo desde maio. Uma aberração que não encontra respaldo em nenhuma lei vigente no país.
Ao final, Holandinha saiu-se como herói, um verdadeiro salvador da pátria, que lançou mão de toda a sua “influência” para debelar o conflito. Satisfeito, ele até posou, sorridente, entre os presidentes dos sindicatos patronal e de empregados.
A ameaça de greve, ao que parece, não passou de um blefe, arquitetado à base de conchavos. Uma manobra grosseira, desmascarada sem muito esforço pela falta de talento do seu principal autor.