Pela ordem no sistema prisional
![Portão do CDP foi derrubado por carro, permitindo fuga espetacular de nove presos](https://www.blogsoestado.com/danielmatos/files/2013/08/portao-cdp.jpg)
A Secretaria de Segurança Pública anunciou a criação de uma força-tarefa para investigar assassinatos, fugas, motins, tráfico e demais ações criminosas que vêm ocorrendo no sistema prisional do Maranhão. Uma comissão de delegados vai apurar a suspeita de envolvimento de agentes penitenciários e servidores terceirizados lotados nos presídios, que estariam agindo de forma orquestrada, com o intuito de desestabilizar a atual gestão. A medida vem em boa hora, tendo em vista a necessidade urgente de combater os atos absurdos registrados no ambiente carcerário, alguns espetaculares, como a fuga de nove presos do Centro de Detenção Provisória de Pedrinhas (CDP), no último sábado, depois que um carro derrubou o portão principal da unidade.
A cada dia as autoridades e a sociedade em geral são surpreendidas com episódios de barbárie em presídios do Complexo Penitenciário de Pedrinhas. Como em uma epidemia, os focos de desordem se multiplicam pelo interior do estado, dando origem a um fenômeno assustador, que já começa a gerar repercussão nacional. E o que é pior: a situação parece incontrolável, tamanha a imprevisibilidade com que os atos ocorrem. Diante de cenário tão grave, é fundamental uma ação enérgica das forças de segurança, no sentido de identificar e punir exemplarmente todos os culpados.
Se há omissão de servidores cuja função seria primar pela ordem no ambiente carcerário ou mesmo conluio entre esses agentes públicos e presos interessados em fomentar o caos nos presídios, que tal suspeita seja investigada a fundo. Caso o ímpeto dos autores não seja logo contido, corre-se o risco de um colapso no sistema penitenciário, com danos gravíssimos ao Estado e à população, já demasiadamente exposta à violência.
É voz corrente que organizações criminosas atuam dentro das unidades prisionais do Maranhão, principalmente no Complexo de Pedrinhas, onde o índice de fugas, assassinatos de presos e motins é mais elevado. Essas quadrilhas têm total interesse em manter o clima de instabilidade, que deixa o Estado acuado e abre caminho para todo tipo de irregularidade no interior dos presídios.
Além da criação da força-tarefa para investigar a barbárie nos presídios, foram anunciadas a construção, no CDP, de um novo muro com base de três metros de profundidade e a instalação de câmeras de videomonitoramento e de um bloqueador de sinal de celular no centro de detenção. São medidas que podem trazer certo alívio, mas que devem estar associadas a outras providências, a principal delas o aumento do efetivo de agentes penitenciários, que devem ser treinados adequadamente e orientados a seguir à risca os princípios que regem a boa conduta no serviço público.
Não é exagero afirmar que hoje a bandidagem exerce controle em grande parte das unidades prisionais do Maranhão.
Fatores como superlotação e morosidade no julgamento dos processos penais são os que mais influenciam para esse cenário de subversão. Para reverter o quadro, é preciso dose extra de competência, comprometimento e rigor para punir os que promovem o caos.
Editorial publicado nesta quinta-feira em O Estado do Maranhão