Há muito tempo o Centro Histórico de São Luís passou a ser um dos ambientes preferidos por marginais para a prática de crimes. Com a proliferação do tráfico e do uso de drogas, principalmente o crack, nos arredores e até mesmo no interior de prédios coloniais, o problema tornou-se intolerável. Na última quinta-feira, um homem foi encontrado morto em uma galeria da antiga fábrica da Oleama, prédio abandonado transformado em antro de criminosos, que agem livremente a qualquer hora do dia.
O patrulhamento policial existente hoje no Centro Histórico está muito aquém do necessário para conter a bandidagem que age em meio às ruas, becos, praças e velhos casarões de bairros como Praia Grande, Desterro e Portinho. Com o policiamento escasso, os marginais sentem-se à vontade para roubar, traficar, consumir drogas e até matar, como foi o caso do homem assassinado na antiga Oleama, cujo corpo foi encontrado em uma galeria por populares, em mais um episódio que expôs o alto índice de criminalidade na área.
O Centro Histórico conta com uma Delegacia de Turismo e com uma Companhia de Policiamento de Turismo, vinculada à Polícia Militar. As duas unidades até vêm conseguindo reduzir os crimes contra os visitantes, mas a atuação é tão específica que acaba não refletindo de forma significativa no resultado geral. O ideal seria intensificar as ações em várias frentes, com ênfase parda o tráfico, que está na raiz dos demais crimes. Sem esse esforço, o ambiente continuará perigoso e cada vez mais inóspito.
Em relação à ocupação de prédios antigos por criminosos, é preciso uma ação governamental imediata, voltada à revitalização desses imóveis. O poder público também deve criar mecanismos que incentivem os proprietários a reformar seus casarões. Ou mesmo desapropriá-los para fins de moradia ou outro uso. Só assim, os marginais serão expulsos, devolvendo a tranquilidade à área.
É importante lembrar que São Luís conquistou o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, em 1997, justamente pela riqueza do seu acervo histórico, hoje à mercê da bandidagem, que desvirtua seu uso, promovendo o crime e atos de vandalismo. Esse absurdo ameaça a honraria concedida à capital e é mais um motivo para que as autoridades reprimam com energia os promove o banditismo em um espaço com passado tão marcante.
O desrespeito às leis é gritante no Centro Histórico de São Luís. Vítimas diárias dos crimes, moradores e pessoas que trabalham na área já não toleram as afrontas às quais são submetidos e passaram a circular com sobressalto pelas vias que outrora foram palco dos acontecimentos mais marcantes da história da capital.
Outra consequência negativa é a intimidação aos turistas, o que limita o roteiro de visitação e inibe seu retorno à capital maranhense nas temporadas seguintes. Sendo assim, já está mais do que na hora de enfrentar o caos com todos os meios disponíveis.
Editorial publicado nesta terça-feira em O Estado do Maranhão
Trabalho na Rua do Giz e concordo com o conteúdo publicado e digo mais: A parte antiga da cidade, que hoje é considerada Patrimônio da Humanidade (não sei como ainda não perdeu este título), precisa de medidas urgentes e com impacto efetivo para mudar a realidade, que é de verdadeiro abandono de políticas públicas. Esta situação inviabiliza: o turismo, a moradia, o lazer, a segurança, o comércio legal; a saúde, a boa educação, … e tudo o que é necessário para a vida do ser humano neste local.
O Centro histórico se tornou uma terra de ninguém, sem Lei, ou melhor a Lei da marginalidade impera, sem intervenção do Poder Público.
A causa principal que é o crack, que resulta em várias outros crimes não é problema só de segurança, mas da falta de atuação de todas as políticas públicas de forma sistemática e efetiva. Se o Poder Público não abrir os olhos e agir com a autoridade que lhe compete, os moradores, comerciante e visitantes serão expulsos em breve deste espaço e os prédio históricos ficarão apenas na história e lembranças do passado.