As chuvas atípicas que caem sobre São Luís neste mês prolongaram o drama da população, sujeita a cada temporal a inundações, desabamentos, acidentes de trânsito, quedas de energia e outros transtornos gerados pela instabilidade do clima. De acordo com o serviço de meteorologia, o tempo continuará fechado até o fim de julho, castigando ainda mais a precária infraestrutura da Ilha e impondo sofrimento extra aos habitantes.
Muito mais comuns entre março e maio, os alagamentos vêm ocorrendo quase diariamente neste mês. Ontem, por exemplo, o entorno da Praça Maria Aragão transformou-se em uma lagoa durante um temporal que desabou sobre a cidade no início da tarde. Impedidos de chegar à Beira-mar pelo trajeto normal, condutores cometeram uma série de infrações ao trafegar sobre calçadas, trechos de grama e ao usar a contramão. Outros, movidos pela cautela, preferiram parar até que a chuva cessasse, adiando ou até mesmo cancelando compromissos.
O temporal chamou atenção para um problema cada vez mais grave da região central de São Luís: o entupimento de galerias de escoamento de águas pluviais. No caso do entorno da Maria Aragão, constata-se um absurdo: a deficiente rede de drenagem em uma área próxima ao rio Anil, escoadouro natural de águas pluviais. Mesmo com a obrigação legal de intervir, a prefeitura enxerga a situação com descaso por sucessivas gestões.
Também expostas aos transtornos decorrentes da estação chuvosa, áreas como Coroadinho, Sacavém, Vila Embratel e Vila Lobão têm problemas que vão além das inundações. Nesses bairros, os moradores vivem sobressaltados, já que grande parte das habitações foi construída em encostas, portanto, estão mais sujeitas a desabamentos e desmoronamentos. Apesar da vulnerabilidade, muitas famílias insistem em conviver com o perigo. E o que é pior: não se vê uma ação preventiva do poder público, muito menos intervenções físicas visando à segurança das moradias.
Em relação ao trânsito, há o aumento natural do número acidentes quando a pista está molhada. Como agravante, a sinalização eletrônica costuma entrar em pane ao menor sinal de chuva, deixando os condutores desorientados e muito mais sujeitos a colisões, capotamentos, abalroamentos e outros sinistros. Ainda assim, as autoridades de trânsito não fazem sequer uma campanha para alertar sobre o perigo.
É no mínimo intrigante a falta de ações mais efetivas do poder público municipal neste período de chuvas prolongadas. Os transtornos se multiplicam de forma flagrante, apesar de serem previsíveis. Não há outra explicação senão a falta de compromisso com o bem estar e a segurança dos cidadãos.
Editorial publicado neste sábado em O Estado do Maranhão