
Se o desrespeito às leis e normas de convivência em São Luís já salta aos olhos nos dias úteis, aos fins de semana os exemplos de desacato se multiplicam absurdamente, pois a fiscalização, que normalmente já é precária, praticamente inexiste aos sábados e domingos. Em uma pequena ronda pela cidade, é possível flagrar casos de perturbação do sossego, ocupação ilegal do espaço público, comércio ilegal, entre várias outras infrações. Mas é no trânsito que as ilegalidades atingem níveis alarmantes, como o estacionamento de carros sobre a calçada em um trecho da Avenida Getúlio Vargas, no Monte Castelo, providencialmente registrado por O Estado na presente edição.
Com o passeio público ocupado por carros e motos, pedestres são obrigados a se locomover perigosamente no acostamento, expondo-se ao risco de atropelamento. É justamente o que vem acontecendo há alguns anos na Getúlio Vargas, sem que a Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte (SMTT) tenha tomado qualquer atitude. Para piorar, a violência acaba servindo como desculpa para os infratores, que alegam o risco de furto e assalto que correm ao deixar seus automóveis em pontos um pouco mais distantes.
A mesma situação acontece na Rua Grande, que vira estacionamento privilegiado para pessoas que vão às compras aos domingos, quando as maiores lojas abrem as portas. Por comodidade e também por medo da criminalidade, um número cada vez maior de consumidores para seus veículos sobre as calçadas da via, cometendo, além de uma infração de trânsito, verdadeiro atentado ao patrimônio histórico de São Luís. A principal rua do comércio da capital também costuma ser invadida por camelôs aos fins de semana – e nas noites de segunda a sexta-feira -, transformando-se em mercado informal a céu aberto, tudo aos olhos complacentes das autoridades.
Voltando ao trânsito, a desobediência às leis também é hábito comum a motoristas de ônibus, que, pela natureza da profissão, deveriam primar pelo respeito máximo às regras. Mas, na prática, muitos desses condutores fazem exatamente o contrário, avançando o sinal vermelho dos semáforos, ignorando sinais de parada feitos por passageiros e até mesmo deixando de cumprir o itinerário integralmente. Um mau exemplo que custa caro à sociedade.
Frequentemente relatadas nos plantões de polícia aos sábados e domingos, as infrações à lei do silêncio, outro exemplo de desrespeito, tem sido alvo de operações sucessivas das forças de segurança pública. Já houve diversas prisões e apreensões de equipamentos. Ainda assim, a solução do problema continua algo distante. Diante da falta de educação e dos incontáveis conflitos entre vizinhos gerados pela poluição sonora, é necessário que a polícia aperte ainda mais o cerco, disponibilizando todo o aparato possível com o intuito de reduzir os registros.
Com nível tão elevado de desrespeito, já é hora de as autoridades reformularem a rotina de fiscalização. O aumento populacional e a consequente urbanização transformaram São Luís em uma estrutura complexa, que requer um olhar mais atento do poder público, responsável por garantir a ordem social. A fiscalização, portanto, deve ser ininterrupta. Ou seja, estendida aos fins de semana.
Editorial publicado nesta segunda-feira em O Estado do Maranhão
Foto: De Jesus/O Estado