O clima tem ficado tenso à beira do gramado do Nhozinho Santos durante as rodadas do Campeonato Maranhense Futebol. Tudo por causa de uma circular que impôs normas rígidas à permanência e circulação de pessoas na área dos bancos de reservas, inclusive de profissionais de imprensa, que classificam a medida como censura. Ontem, o repórter Anacleto Araújo, da rádio Difusora AM, foi excluído do jogo Sampaio 4 x 1 Americano pelo árbitro Juscelino Sousa Santos e por pouco não saiu do estádio algemado. Em sinal de protesto, a Difusora e a Educadora suspenderam a transmissão da partida.
Em conversa com o autor de blog, Anacleto contou que se dirigiu ao coordenador de Esportes da Difusora AM, Garcia Júnior, que também estava no gramado, pedindo ao chefe que providenciasse uma nova bateria para seu microfone. Nesse instante, foi advertido pelo quarto árbitro, Antônio Jean Lima dos Santos, o que gerou uma breve discussão. Em seguida, o juiz Juscelino Sousa Santos determinou a exclusão do repórter.
Quando descia o túnel para deixar o Nhozinho Santos pelo portão da imprensa, Anacleto foi avisado que teria que sair pelos fundos do estádio. “Eu disse que só sairia pelos fundos se fosse algemado. Nesse momento, os policiais recuaram e eu pude sair pelo portão destinado a jornalistas, radialistas e demais membros da imprensa esportiva”, relatou, agradecendo a solidariedade da Difusora e da Educadora em interromper a transmissão.
Repórteres, comentaristas, fotógrafos, cinegrafistas e outros profissionais consideram as novas regras censura, já que proíbem, por exemplo, entrevistas com jogadores substituídos na saída do campo. A confusão envolvendo Anacleto Araújo não foi a primeira. O repórter Eduardo Ericeira, da TV Difusora, já havia sido excluído em jogo anterior depois de tirar o colete que identifica a imprensa para gravar uma passagem (momento em que o repórter aparece na matéria).
Após o episódio, o presidente da Federação Maranhense de Futebol (FMF), Antônio Américo Lobato, e o presidente do Sindicato dos Árbitros de Futebol, Marcelo Filho, telefonaram para o presidente da Associação de Cronistas e Locutores Esportivos do Maranhão (Aclem), Tércio Dominici, para discutir a questão. Não está descartada uma punição ao árbitro e ao auxiliar. A readaquação das regras também pode ocorrer, para evitar novos desentendimentos.
O presidente da Aclem afirma que não assinou a circular que impôs as novas normas para permanência à beira do gramado e que o referido documento nem sequer chegou às suas mãos.