Navalha: STJ julgará réus de Sergipe semana que vem; no Maranhão, tramitação do inquérito é desconhecida

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Zé Reinaldo embarcou algemado em um avião da PF, após ter sido preso pela Operação Navalha
Zé Reinaldo embarcou algemado em um avião da PF, após ter sido preso pela Operação Navalha, deflagrada há quase seis anos

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) julgará, nos próximos dias 14 e 15, os réus investigados pela Operação Navalha no estado de Sergipe (leia). Quanto aos envolvidos no Maranhão – entre os quais o ex-governador José Reinaldo Tavares, que chegou a ser preso -, não há previsão para o julgamento pela Justiça Federal local, que recebeu o processo em 2010, após determinação da Corte Especial do STJ de desmembrar e remeter os inquéritos aos estados de origem dos acusados (relembre).

Deflagrada em maio de 2007, a Operaçao Navalha prendeu vários agentes públicos envolvidos em desvios de recursos da União e dos estados de Alagoas, Maranhão, Piauí e Sergipe para os cofres da construtora Gautama, por meio de fraudes em licitações de obras públicas. Dono da empreiteira, o empresário Zuleido Veras foi acusado de ser o mentor do esquema. Um dos detidos na operação foi o ex-governador José Reinaldo Tavares, que saiu de São Luís algemado em um avião da Polícia Federal. Ele teria recebido vantagens durante o exercício do cargo e foi acusado de ajudar no pagamento de medições fraudadas e direcionamento da licitação para favorecer a Gautama nas obras de pavimentação da BR-402.

Outros indiciados no Maranhão foram o então governador Jackson Lago (morto em 2011), Ney Barros Bello, então secretário estadual de Infraestrutura (preso); Sebastião José Pinheiro Franco, fiscal de obras da Sinfra (preso);  Alexandre Lago e Francisco de Paula Lima Júnior, sobrinhos de Jackson (presos); Ulisses César Matins de Souza, então procurador-geral do Estado, que também teve a prisão decretada, mas conseguiu fugir ao cerco da PF, entre outros.

Desmembramento

Em março de 2010, a Corte Especial do STJ, por sugestão da ministra relatora da ação penal, Eliana Calmon, decidiu desmembrar o processo, em razão do seu “gigantismo” (61 réus foram indiciados) e da complexidade dos fatos. Em princípio, o processo foi aberto pelo STJ por causa do envolvimento de dois governadores: Jackson Lago, do Maranhão, e Teotônio Vilela Filho, de Alagoas. Com a cassação do primeiro, em 2009, e a exclusão do segundo do rol de envolvidos, a ação pode ser desmembrada e os inquéritos, remetidos à Justiça Federal de primeira instância, exceto os de Sergipe, já que um dos envolvidos naquele estado, Flávio Conceição de Oliveira Neto, é Conselheiro do Tribunal de Contas e tem foro privilegiado.

Em novembro do ano passado, em entrevista ao site Congresso em Foco, a própria ministra Eliana Calmon demonstrou preocupação com a possibilidade de os réus das Operação Navalha ficarem impunes devido, justamente, ao desmembramento do processo. Segundo a magistrada, a medida pode fragilizar as provas produzidas contra os envolvidos no esquema. “Essa retalhação do processo acaba por fazer uma divisão da prova. A prova fica fragmentada. Com a prova fragmentada, nós temos naturalmente uma fragilidade”, declarou Eliana Calmon.

Transcorridos três anos desde o envio do inquérito à Justiça Federal do Maranhão, a Corte jamais se pronunciou sobre o caso, que parece ter sido esquecido. O julgamento a ser realizado pelo STJ na próxima semana demonstra, no mínimo, falta de sintonia entre as duas instâncias judiciais. Seria o caso, então, de a Seção Judiciária Federal local vir a público informar como está a tramitação do processo.

Até porque José Reinaldo e seus discípulos já estão em franca articulação para tentar ocupar o governo estadual novamente.

Foto: Paulo Soares/O Estado do Maranhão

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