A regra é o calote

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Crianças fazem o caminho de volta da escola para casa pelo acostamento da BR-135

Como se não bastasse estarem cumprindo um calendário de aulas defasado, devido ao início tardio do ano letivo, milhares de alunos da rede municipal de ensino que moram na zona rural de São Luís há mais de uma semana enfrentam dificuldade para chegar à sala de aula. O motivo é a suspensão do transporte escolar, mais um serviço contratado pela gestão do prefeito João Castelo interrompido por falta de pagamento.

O problema não poderia ocorrer em pior momento, já que o cronograma de aulas aproxima-se do fechamento. Ao negligenciar o pagamento às empresas que fazem o transporte escolar, a administração municipal compromete o desempenho de crianças que anseiam melhorar de vida por meio dos estudos. E ao assumir postura tão condenável, age na contramão do que se espera dos governantes, que deveriam investir o máximo de recursos possível na educação.

Em meio ao descaso, há vários exemplos de esforço em nome dos estudos. Há casos de alunos que, nesses dias sem ônibus, chegam a caminhar até 10 quilômetros para chegar à escola. Nessa árdua jornada, os abnegados estudantes contam apenas com o apoio dos pais, que os acompanham no trajeto, para que não se desviem do sonho de conquistar melhor posição social por meio dos livros.

A ausência do transporte escolar também envolve risco à integridade física dos estudantes, em sua maioria crianças. Grande parte deles mora em uma região cortada pela BR-135 e é obrigada a atravessar a rodovia pelo menos duas vezes por dia, arriscando-se em meio ao fluxo intenso de veículos. Da mesma forma, expõem-se ao perigo de atropelamentos ao caminhar pelo acostamento, usado criminosamente por motociclistas e outros tantos condutores irresponsáveis que por ali trafegam.

Apesar de ser um problema de extrema gravidade, a inadimplência é tratada como tabu pela prefeitura. Sem transparência, a população quase sempre só toma conhecimento de que a administração deve a algum fornecedor quando um serviço ou obra é paralisado. Na atual gestão, os cidadãos de São Luís já perderam a conta de quantas vezes foram surpreendidos com panes no sistema de bilhetagem eletrônica, interrupções da coleta de lixo, abandono de obras, entre outros inconvenientes, tudo motivado por calote.

Faltando pouco mais de um mês para o término da atual gestão, os ludovicenses já não esperam nada do prefeito João Castelo. Na verdade, é quase unânime a torcida para que ele deixe o cargo. Enquanto isso não acontece, a tendência é que a população da capital continue a amargar mais dissabores.

Foto: Biné Morais/O Estado do Maranhão

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