Viajar pelas rodovias federais do Maranhão exige cuidados redobrados, já que o estado precário da maioria dessas vias, combinado com a imprudência de grande parte dos condutores, aumenta significativamente o risco de acidentes. Somente no último dia 1º, véspera do início da Operação Finados, iniciada à zero hora de ontem, houve sete acidentes, com duas mortes, o que pode ser o prenúncio de um feriado prolongado sangrento nas estradas.
Oito rodovias federais cortam o Maranhão: BR-010, BR-135, BR-222, BR-226, BR-230, BR-308, BR-316 e BR-402. Todas elas apresentam algum problema de trafegabilidade, que, via de regra, impõe risco à segurança dos viajantes. Buracos, deformações, sinalização precária ou falta dela estão entre os fatores que tornam mais perigoso transitar pelas rodovias federais. Somadas à irresponsabilidade de muitos motoristas, essas deficiências estruturais desencadeiam um estado de alerta permanente.
A cada fim de semana, feriado prolongado ou mesmo em dias úteis é comum o registro de acidentes graves nas BRs. Um exemplo dessa tendência ocorreu semana passada, quando houve 12 mortes em apenas quatro dias nas BRs do Maranhão, conforme publicou O Estado em sua edição de 24 de outubro, com base em relatórios divulgados pela Polícia Rodoviária Federal. A propósito, a instituição, que tem a atribuição fundamental de fiscalizar o trânsito nas rodovias federais, sofre com a falta de estrutura, o que compromete o desempenho das equipes, por mais que os patrulheiros se empenhem nas ações preventivas e repressivas.
A folga prolongada iniciada ontem é um momento propício para que as autoridades estudem formas de conter a violência no trânsito nas rodovias federais. A esta altura, já deveria estar em andamento um plano que visasse não só a prevenir os acidentes, mas também analisar as causas dessas ocorrências. Uma investigação minuciosa de cada fator seria de grande valia para a realização de operações efetivas, capazes de fazer cessar a carnificina que ano após ano transforma as BRs em verdadeiros campos de guerra.
Colisões, abalroamentos, capotagens, saídas de pista e atropelamentos são os tipos de acidentes que mais aparecem nas estatísticas. A maioria é causada por falha humana ou pelo comportamento imprudente dos condutores. Fazê-los entender que a segurança do trânsito está diretamente associada à atitude de quem está ao volante é tarefa básica na busca pela reversão dos números. As autoridades devem perseguir esse objetivo a todo custo, seja com ações educativas, seja pela via punitiva. E esta última é, comprovadamente, o meio mais eficiente, ante o nível de desrespeito
que impera nas rodovias federais.
Oitavo maior estado brasileiro em extensão territorial, o Maranhão possui uma malha rodoviária federal gigantesca, o que dificulta a execução de intervenções que tornem essas estradas plenamente seguras. Para piorar, os abusos cometidos por condutores tornam as vias ainda mais suscetíveis a acidentes. Outro fator preponderante para a violência no trânsito nas BRs, a fiscalização precária é parte de um ciclo que só será encerrado com medidas de impacto do governo e com a colaboração dos motoristas na forma de maior responsabilidade ao volante.
Editorial publicado neste sábado em O Estado do Maranhão