Ao que tudo indica, a duplicação da BR-135, no trecho Estiva-Bacabeira, finalmente sairá do papel. Confirmada por meio de aviso de concorrência publicado ontem no Diário Oficial da União, a tão aguardada obra será realizada muito mais por pressão dos agentes públicos do Maranhão do que por boa vontade do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT), que semana passada tentou alterar novamente o projeto de engenharia e com isso retardar sua execução por até três anos.
O aviso de concorrência informa que a proposta feita pelo consórcio Serveng/Aterpa, único habilitado no certame, será conhecida nesta quarta-feira (1º), às 9h30, na Superintendência Regional do DNIT, em São Luís. Não fosse a atuação providencial dos secretários estaduais Pedro Fernandes (Cidades e Desenvolvimento Urbano), Max Barros (Infraestrutura), Ricardo Murad (Saúde) e Victor Mendes (Meio Ambiente) e do senador Lobão Filho (PMDB), os maranhenses estariam amargando mais um adiamento da obra. A firmeza com que eles rejeitaram a mudança proposta pelo DNIT foi decisiva para a continuidade da licitação.
A reação dos agentes públicos à proposta não poderia ser outra que não a recusa. Qualquer postura diferente dessa feriria gravemente os interesses da população que representam, a cada dia mais revoltada e assustada com os congestionamentos que se formam no Campo de Perizes e com os acidentes registrados nesse trecho da BR-135, cujo saldo quase sempre é a perda de vidas. Espera-se que todos mantenham o posicionamento e que a eles se juntem outras autoridades, para que a intervenção seja concluída e traga os benefícios esperados.
Em meio às notícias sobre a duplicação da rodovia, surgem várias informações paralelas. Até mesmo uma possível vinda da presidente Dilma Rousseff, no dia 22 de agosto, para assinar a ordem de serviço, está sendo cogitada, o que seria uma clara demonstração de prestígio político do Maranhão. Com ou sem a presidente da República, a expectativa da população é pela execução da obra, orçada em R$ 370 milhões, somente na primeira das três etapas. A propósito, a concretização das duas fases seguintes – de Bacabeira a Entroncamento e deste a Miranda – parece ser um sonho distante, tendo em vista a dificuldade que marca o início do processo.
Os maranhenses aguardam com urgência o início da obra, para que o acesso por terra a São Luís não se transforme definitivamente em um gargalo, principalmente para a economia do estado. Projetos de grande monta, como a Refinaria Premium I, da Petrobras, em Bacabeira, tornam a duplicação da BR-135 estratégica. O transporte de passageiros e cargas, cujo fluxo só aumenta na rodovia, é outro fator a indicar a necessidade da intervenção, sem a qual a Região Metropolitana de São Luís corre o risco de ter seu desenvolvimento travado.
A publicação do aviso de concorrência, pelo DNIT, trouxe otimismo aos maranhenses e conferiu credibilidade aos agentes públicos que se posicionaram firmemente no episódio. Mas é preciso que essas mesmas autoridades e a própria população se mantenham vigilantes, até que a obra, que até hoje não passa de um anseio há muito acalentado, torne-se finalmente realidade.
Editorial publicado em O Estado do Maranhão nesta terça-feira
Foto: Biné Morais/O Estado do Maranhão