Caos ampliado

0comentário
Com ônibus a menos, usuários chegam a esperar até uma hora nas paradas na Cidade Operária e cobram solução

A denúncia de usuários de ônibus dando conta da redução do número de coletivos em linhas que atendem alguns bairros após a última greve de rodoviários, encerrada em 31 de maio, é gravíssima e requer uma apuração minuciosa. Se com a frota completa as 700 mil pessoas que dependem do transporte público em São Luís já enfrentam enorme dificuldade, com o desfalque aumentam o tempo de espera nas paradas e a superlotação, o que torna o sistema ainda mais caótico.

Incomodados com a diminuição da frota de ônibus que serve à sua comunidade, moradores da Cidade Operária vêm externando diariamente sua insatisfação à imprensa. Segundo eles, a linha Cidade Operária/São Francisco, que antes contava com seis coletivos de segunda a sexta-feira, passou a ter apenas quatro. Aos fins de semana, a frota era composta por quatro veículos e agora se resume a dois. A redução tornou as viagens ainda mais desconfortáveis e perigosas, já que muitos passageiros são obrigados a viajar espremidos e pendurados nas portas dos ônibus.

Os defeitos mecânicos, conhecidos popularmente como “pregos”, ficaram ainda mais recorrentes, pois o excesso de passageiros impõe sobrecarga aos ônibus. Por isso, nos horários de pico – início da manhã e fim da tarde -, quando a demanda do sistema de transporte atinge seu ápice, é cada vez mais comum ver ônibus parados, sem condições de seguir viagem, e passageiros revoltados com a interrupção do itinerário.

Procurado por O Estado para que respondesse à denúncia, o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís (SET) não quis se pronunciar e orientou a reportagem a procurar o Consórcio São Cristóvão, ao qual estão vinculadas 41 linhas, inclusive as que atendem a Cidade Operária e bairros vizinhos. Este, por sua vez, negou a denúncia e atribuiu a demora dos ônibus ao trânsito caótico da cidade, aumentando ainda mais a responsabilidade da administração municipal em relação ao problema.

A Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte (SMTT), por sinal, não demonstra interesse em pôr fim ao suplício dos usuários de ônibus. Nem mesmo a tarefa de fiscalizar as linhas, que seria o mínimo a ser feito, é cumprida a contento, o que torna centenas de milhares de cidadãos reféns de um sistema marcado por vícios e que opera precariamente. Ao ignorar sua obrigação, a SMTT chancela a incompetência e a ilegalidade e dificulta ainda mais o dia-a-dia da maioria da população da capital, que têm o coletivo como único meio de locomoção.

A aparente falta de disposição das autoridades em resolver o problema do transporte de massa faz crer que somente a mobilização da sociedade será capaz de reverter a situação. Diante da negação das empresas e da omissão da prefeitura, resta aos cidadãos tornar público seu descontentamento, a fim de despertar a boa vontade dos gestores públicos, algo ausente nos dias atuais.

Editorial publicado nesta sexta-feira em O Estado do Maranhão

Foto: Biaman Prado/O Estado do Maranhão

Sem comentário para "Caos ampliado"


deixe seu comentário

Twitter Facebook RSS