Caos e omissão

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Rodoviários decidiram, em assembleia, no Anel Viário, retomar a greve, desta vez com 100% de paralisação da frota

A paralisação de 100% da frota de ônibus de São Luís, desde a zero hora de hoje, em consequência da greve dos trabalhadores do sistema de transporte rodoviário, deverá instalar o caos na cidade. Sem condução, cerca de 650 mil usuários deverão cumprir uma verdadeira via crucis para chegar à escola, ao trabalho ou a outros destinos. Vítimas da precariedade que hoje impera no setor de transporte urbano, centenas de milhares de cidadãos estão à mercê de um segmento marcado pelo conflito permanente entre patrões e empregados, problema que se agrava ante a omissão da prefeitura.

Um dos principais assuntos do noticiário local desde a semana passada, o movimento paredista de motoristas, cobradores e fiscais foi retomado em tom mais radical. Se nos primeiros três dias de greve não se repetiram os transtornos de tempos passados, dessa vez a paralisação deverá transcorrer em clima tenso, com a possibilidade real de confrontos e depredações de ônibus. Um indício claro dessa tendência foi a reação indignada dos usuários que ficaram a pé devido à interrupção das viagens pelos rodoviários, que, na última sexta-feira, participariam, no Anel Viário, da assembleia geral na qual a categoria tomou a medida extrema de parar toda a frota.

As autoridades da área de segurança terão que ficar alertas para a animosidade a ser gerada pela falta de transporte. Manifestações como o apedrejamento de cinco ônibus que serviam à comunidade da Cidade Olímpica e a tentativa de incêndio de um deles, único foco de violência registrado nas primeiras 72 horas do movimento, poderão ocorrer em outros bairros. Diante da ameaça, o mais prudente seria a mobilização de forte aparato policial para conter protestos mais exaltados que eventualmente vierem a acontecer.

A falta de acordo entre empresários e trabalhadores do setor de transporte rodoviário é um antigo impasse. Apesar das consequências danosas que decorrem desse conflito, até agora não foram tomadas providências definitivas, que possibilitem ao sistema operar em harmonia. Ciente do problema, a administração municipal parece fazer vista grossa e mesmo nos momentos em que a crise se acentua, como agora, assume postura passiva, dando a impressão de pouco caso e incompetência.

A omissão da Prefeitura de São Luís contribui decisivamente para o sucateamento do transporte público. Além de não fiscalizar devidamente o sistema, a Secretaria Municipal de Trânsito e Transporte (SMTT) não põe em prática um plano que leve as empresas a prestar um serviço de qualidade, condizente com as necessidades da população. Em nome da reorganização do serviço, a sociedade, principalmente os usuários de ônibus, precisa pressionar os gestores municipais a cumprir o dever constitucional de oferecer condições adequadas de mobilidade urbana.

Déficit financeiro alegado pelas empresas, insatisfação de trabalhadores com salários e omissão do poder público municipal ante os problemas do setor são os principais gargalos do transporte público na capital maranhense. A cada dia mais acentuados, esses problemas dão margem a uma crise que, se não for logo revertida, ameaça inviabilizar de vez o sistema.

Editorial publicado em O Estado do Maranhão nesta segunda-feira

Foto: Biné Morais/O Estado do Maranhão

2 comentários para "Caos e omissão"


  1. Roberto Ojuara

    O que vc por acaso sugeriria a Prefeitura? Se o judiciário já mandou acabar agreve e eles não fizeram nada, o que a prefeitura pode fazer? Besteira seu post!

    Resposta: besteira mesmo é o que o seu prefeito Castelo tem feito nestes quase três anos e meio de mandato. Não venha defender o indefensável. Ele deveria ter agido antes de a situação ter chegado ao ponto que chegou.

  2. ALESSANDRO FREITAS

    O TRANSPORTE PUBLICO COMO SE DIZ É PUBLICO DE OBRIGAÇÃO DO PODER PUBLICO, E NO CASO NA ESFERA DO PODER MUNICIPAL, E AI ME DIZ QUEM CONTRATA ALGUÉM PARA PRESTAR UM SERVIÇO QUE A PRINCÍPIO E DE SUA RESPONSABILIDADE QUEM DEVE COBRAR E NO MINIMO SUPERVISIONAR. ME DIGA ? ……

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