A julgar pela precariedade na coleta de lixo verificada nos últimos dias em vários bairros de São Luís, percebe-se claramente que o serviço está novamente à beira de um colapso. Toneladas de sujeira estão acumuladas em vias públicas desde o fim da semana passada, prejudicando centenas de milhares de cidadãos, em razão do mau cheiro, do risco de doenças e do aspecto de abandono causados pela ineficiência das ações de limpeza da cidade.
A exemplo do que ocorreu no início de 2010, quando a Prefeitura de São Luís decidiu romper, unilateralmente, o contrato com a Limp Fort Engenharia Ambiental, que até então dividia com a Limpel a tarefa de coletar o lixo da capital, a limpeza pública passa hoje por momentos de crise. Na época, os mais de 140 bairros atendidos pela empresa pernambucana deixaram de contar com o serviço, transformando-se em verdadeiros lixões. A situação só foi normalizada após a contratação da Vital Engenharia Ambiental, meses depois, período em que a cidade foi transformada em um ambiente inóspito.
Ainda não há informação oficial sobre ameaça de rompimento de contrato ou dívida milionária, situação que motivou o conflito entre a Prefeitura e a Limp Fort. No entanto, uma reunião convocada para ontem à noite, na Superintendência Municipal de Limpeza Urbana, vinculada à Secretaria Municipal de Obras e Serviços Públicos (Semosp), deixa evidente que o problema já começa a preocupar a administração municipal.
Todos os dias multiplicam-se as reclamações acerca da coleta de lixo irregular em São Luís. As denúncias partem de diferentes bairros. Em contatos com jornais, emissoras de rádio e televisão e sites de notícias, populares se queixam do acúmulo de sujeira próximo a residências, estabelecimentos comerciais, escolas e até hospitais. Em tom de profunda indignação, os cidadãos reclamam do descaso das autoridades municipais, que além de não restabelecer a normalidade do serviço, não vêm a público explicar o porquê do problema.
Revoltados com a situação, algumas comunidades já começam a protestar de forma mais contundente. Um dos exemplos ocorreu na última quarta-feira, no Parque dos Nobres, que teve a avenida principal interditada por moradores após vários dias sem coleta. A indignação toma conta de moradores de outras áreas da cidade e não será surpresa a ocorrência de novas manifestações nos próximos dias.
A coleta de lixo irregular gera uma série de transtornos à coletividade. Sem obter a devida resposta do poder público municipal, os cidadãos têm três opções: calar-se, mobilizar-se ou pagar a terceiros para recolher a sujeita que deveria ser removida pelas empresas pagas com o dinheiro do contribuinte. Às três alternativas vão de encontro à lógica do serviço público, cujas ações devem estar voltadas ao bem estar social, não à promoção do caos.
Editorial publicado em O Estado do Maranhão nesta sexta-feira
Foto: Flora Dolores/O Estado do Maranhão