Audácia reprimida
Não fosse a ação providencial das forças de segurança, mais um crime audacioso teria sido perpetrado no Maranhão, com sérias consequências para a sociedade. Dispostos a resgatar sete integrantes de uma mega-quadrilha de traficantes e homicidas presos, na última sexta-feira, em Santa Rita, e encaminhados à Delegacia Regional de Itapecuru-Mirim, três homens foram interceptados e presos, no último domingo, em uma barreira policial montada na BR-222 quando partiam para executar o plano.
Ao todo, 10 integrantes do perigoso bando, que atua principalmente no eixo Cidade Operária/Cidade Olímpica, foram para a cadeia na operação. Após a prisão dos sete comparsas, o restante da quadrilha passou a se movimentar para libertá-los. O objetivo principal era resgatar o traficante e homicida Josué Santos da Silva, o Gaspar, 25 anos, que apesar da juventude, foi alçado ao posto de líder da facção criminosa por seu poder de articulação e pelos métodos violentos que costuma imprimir às suas ações.
Os bandidos presos sexta-feira, entre os quais duas mulheres, foram flagrados em uma casa alugada no momento em que se preparavam para assaltar as agências do Banco do Brasil e do Bradesco de Santa Rita. Por ironia, foram capturados pela equipe chefiada pelo delegado Ednaldo Santos, que em vários anos à frente da Delegacia Especial da Cidade Operária, tentou, sem êxito, desbaratar a quadrilha.
As prisões são uma prova de que a polícia do Maranhão, apesar de o crime organizado mostrar-se cada vez mais estruturado, tem poder de fogo para fazer frente à bandidagem. Mesmo um grupo com elevado poder de fogo e cujas ações são minuciosamente planejadas não é páreo para o Sistema de Segurança quando este lança mão de todos os seus recursos para reprimir as ações criminosas.
O sucesso da operação dá novo ânimo à polícia e renova a confiança da população nessa importante instituição, ultimamente abalada pelo envolvimento de membros da tropa com a criminalidade e ante à fragilidade demonstrada em certos momentos.
Restabelecida a credibilidade, resta seguir o exemplo e manter um desempenho que corresponda às expectativas dos cidadãos.
Se o plano de assaltar as duas agências bancárias, por si só, já seria um feito ousado, imagine se o trio tivesse concretizado o resgate dos comparsas presos. Seria uma afronta sem precedentes na história da segurança pública do Maranhão, que fatalmente resultaria em mudanças profundas na área, tamanha a desmoralização.
Felizmente, ainda há, no seio da polícia local, profissionais competentes e comprometidos com a missão que assumiram.
Editorial publicado nesta terça-feira em O Estado do Maranhão