A revista ÉPOCA desta semana traz entrevista exclusiva com o ex-deputado federal (PC do B-MA), Flavio Dino. O maranhense, que em fevereiro deste ano perdeu seu filho Marcelo dentro do Hospital Santa Lúcia, em Brasília, declarou acreditar que ele foi vítima de um sistema desumano e ganancioso. “Sinto muita indignação nos momentos em que racionalizo o que ocorreu. Os últimos 30 dias não existiram para mim. Marcelo foi uma vítima indefesa de um sistema desumano e ganancioso”, diz.
O ex-deputado revelou que o filho, após uma crise asmática, chegou ao hospital consciente e que após os primeiros procedimentos médicos a situação parecia tão tranquila que a esposa que acompanhava Marcelo, Deane Maria, aconselhou o marido a nem seguir pro hospital. “É uma longa sequência de má conduta. Meu filho chegou ao Santa Lúcia consciente, andando, tomou banho sozinho. No período em que lá esteve, nenhum exame específico foi feito. Sequer um pneumologista o avaliou. Eles minimizaram o quadro do Marcelo e, por isso, não se deram conta de que ele poderia ter outra crise.”, afirma
Dino revela também que a médica que cuidava do plantão, Izaura Emídio, não tinha condições de assumir o turno. “Ela assumiu o plantão na noite anterior depois de 12 horas de outro plantão. Ela não tinha plenas condições de trabalho por uma questão óbvia, orgânica”.
Agora, o ex-deputado espera que a morte de Marcelo possa trazer mudanças no atual sistema de saúde. “No caso dos hospitais particulares, o mais grave é a ganância. A busca do lucro máximo impede a prestação adequada dos serviços. Afinal, um hospital é uma empresa como outra qualquer, feita para lucrar, ou tem compromisso com a qualidade? E quem fiscaliza essa qualidade? Na rede pública, temos o debate sobre verbas e sobre a corrupção. Por cima de tudo, existe a desumanidade, a coisificação da vida humana. É como se fosse produção de estatística”.